sexta-feira, 6 de abril de 2012

Bancos privados resistem à redução de juros dos bancos públicos

Os bancos privados reagiram à tentativa do governo de quebrar o cartel dos altos juros através da oferta de crédito mais barata pelo BB, BNB e CEF. Ao invés de baixar os juros, irão a Brasília levar um conjunto de sugestões para baratear o crédito, ou seja, querem contrapartida do governo para não reduzirem o nível de lucros. Em suma: se o cliente vai pagar juros mais baixos, de alguma forma o contribuinte em geral vai dar dinheiro para os banqueiros não perderem nada com isso.

O que os banqueiros querem? Mudanças no Cadastro Positivo, facilitar a cobrança da dívida de inadimplentes, permissão para que os tomadores de crédito possam oferecer como garantia quotas de previdência privada e redução de impostos. O governo não fez nada disso e baixou os juros nos bancos públicos a partir de estudos de reavaliação de "spread". Se o governo ceder aos banqueiros, deverá baixar mais ainda os juros dos bancos privados, afinal, fazer renúncia fiscal para manter lucro de banco é um absurdo.

Se o governo não ceder, a "mão invisível" do mercado fará o seu trabalho. Assim como em 2008, quando os bancos públicos abriram linhas de crédito enquanto os bancos privados ficaram parados, a clientela tenderá a mudar de banco, e o aumento na base de clientes acabará compensando a queda dos juros. Como a medida do governo prevê o estímulo a liquidar empréstimos mais caros com novos empréstimos a juros mais baratos, ou os banqueiros privados entram no jogo, ou vão amargar ver os bancos públicos tomando a sua clientela.

Segundo o site do BB, o seu programa BOMPRATODOS de redução de juros entrará em vigor no dia 12 de abril. Soube que já tem muita gente procurando as agências em busca dos juros mais baixos. Os sites do BNB e CEF até o momento não falam nada.

A questão agora é política: reduzir juros é bom para todo mundo, e as medidas devem ter nosso apoio. Pagamos as mais altas taxas do planeta, e a razão disso é o poder dos banqueiros sobre os agentes econômicos. Dilma está encarando o problema e não vai parar por aí. Deve alterar a poupança para permitir que não sirva como piso de taxa de juros. Se tudo der certo, os bancos públicos terão muito mais trabalho, e uma contrapartida será cobrada pelos funcionários, já que será mais trabalho usando os mesmos recursos. O que o patrão chama de aumento de produtividade, para nós é superexploração.



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