segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Petrobrás : O mito da "falência"

Os lobos da Bovespa estão fazendo da Petrobrás um território livre da especulação. Com controle de mídia, levam a saúde da empresa para onde quiserem. Há duas semanas, por exemplo, a Folha publicou uma falsa notícia sobre um acordo de reajuste dos combustíveis. As ações dispararam no dia seguinte e no outro despencaram. O caso foi parar na Comissão de Valores Mobiliários por suspeitas de alguém ter embolsado um bom lucro nessa alta artificial.

Outro caso gritante nessa mesma linha ocorreu com o Bank of America Merril Lynch, coincidentemente um dos principais atores no caso das subprimes que detonaram a crise de 2008 nos Estados Unidos. Em outubro do ano passado publicou um relatório detonando a Petrobrás, contribuindo para as ações baixarem a R$ 15. Em seguida à derrubada de preços, resolveu "encher o carrinho", ou seja, comprar as ações que desdenhou.  

Vez por outra a gente vê mídia fazendo terror com a Petrobrás, dizendo que vai quebrar, que tomará o rumo das empresas de Eike Batista, etc, etc. Que há razões para as ações da empresa não serem das mais apetitosas, é verdade. Os dividendos distribuídos são bons, mas os acionistas acham que poderiam ser melhores se a empresa não estivesse empenhando tudo que tem e o que não tem (empréstimos) para executar o ambicioso plano de duplicação da produção até 2020, por determinação do acionista majoritário, o governo federal.

Esse "pessimismo de encomenda" não consegue resistir ao lançamento pela Petrobrás de mais de US$ 11 bi em títulos de dívida no mercado internacional, obtendo até spread de 4,3%, ou seja, tem gente que aposta tanto na solidez da empresa que ainda paga mais que o valor de face dos títulos. Não tem analista mercenário que explique essa contradição em relação ao que dizem por aí.

Isso depois de em 2010 a Petrobrás ter feito o maior lançamento de ações do mundo, da ordem de US$ 120 bilhões.

Outra queixa dos financistas é em relação aos preços dos combustíveis, que estariam baixos, embora a população em geral ache que são os mais caros do mundo. De fato, não o são. Mas estão quase todos defasados em relação à inflação no período Lula /Dilma, de janeiro de 2003 dezembro de 2013.

A tabela 1 que elaboramos com base em dados médios de todo o país disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo, comparados com a inflação do período, de 85,64%, mostram que seria necessário um reajuste de 26,03% para que a gasolina valesse o mesmo que há 11 anos atrás. O diesel teria menor defasagem enquanto o gás natural veicular (GNV) estaria atualizado e até um pouco acima da correção inflacionária. Isso contribuiu negativamente para o investidor em ações da Petrobrás, mas uma correção nos preços traria impactos inflacionários consideráveis.

Tab.1 : Defasagem dos preços dos produtos Petrobrás  (base ANP)


O governo se nega a criar algum tipo de indexação dos preços para evitar que toda a economia se contamine, portanto, novos reajustes atenderão a folgas nas expectativas inflacionárias. Eles acontecerão provavelmente de surpresa, também para evitar especulações.

Por que tanto ataque à Petrobrás, uma empresa que nesse período teve seu valor elevado de US$ 15 bi para US$ 240 bi? Mesmo se ponderarmos que em 2003  o ano começou com o dólar a R$ 4 mais a inflação em reais, o número atual é bastante expressivo a ponto dos investidores não saírem vendendo em pânico as ações.
Tabela 2 : Cotação PETR4 média mensal desde jan/2003
Outro dado interessante é que no início do período a ação PETR4 estava na faixa de R$ 6, e na maior baixa recente chegou a R$ 14,80, ou seja, subiu em torno de 150% contra uma inflação de 85,64%. Quem comprou toneladas de ações há muito tempo e as guarda para retornos de longo prazo, como os fundos de pensão como a PREVI, que tem bilhões em Petrobrás na sua carteira, ganharam no período tanto em dividendos, mesmo não tão gordos quanto queriam, e também no valor das ações acima da inflação. E quem especulou comprando nas mínimas e vendendo nas máximas secundárias embolsou grandes lucros. Perdeu até aqui quem participou do IPO de setembro de 2010, adquirindo ações na base de R$ 26. Estes vão ter que esperar mais um bom tempo para realizar ganhos.

Não podemos esquecer que no período Lula aconteceram as principais descobertas de jazidas do pré-sal, e o plano de investimentos anunciado alimentou expectativas positivas que elevaram o preço das ações acima de R$ 50 antes da crise de 2008.

Mesmo no auge da crise, quando o IBOVESPA desceu dos 30 mil pontos, a ação da Petrobrás caiu ao patamar de R$ 26, subindo novamente depois, mas não atingindo mais o patamar inicial. Daí para a frente houve o lançamento de novas ações com queda no valor seguidamente nos meses posteriores. E sempre houve o noticiário de "Petrobrás endividada, falida, mal administrada".

Vamos ver se isso resistirá ao anúncio de funcionamento das refinarias previstas para o início de 2015 e novamente da autossuficiência e início de exportações. Enquanto os mortais se apavoram com as notícias, os lobos que pagam pelo desdém midiático da Petrobrás estão comprando na surdina.






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