
O fato é que se alguém queria fazer Marina crescer alguns pontos nas pesquisas para viabilizar o segundo turno, conseguiu. Só que errou na mão: pode ter crescido mais que o necessário para colocar Aécio Neves no segundo turno, não ela, contra Dilma. A mídia criou um monstro que agora vai tentar desconstruir, sem ter certeza de sucesso. A simples ascensão de Marina acima de Aécio começou a desestabilizar a campanha tucana com a migração dos eleitores que só querem saber de destruir PT, Lula, Dilma, pobre, bolsa-família, o escambau. Para eles pouco importa quem será o instrumento do seu ódio, Aécio, Marina ou outro. Farão voto útil.

No debate de ontem na Band ficou patente que Marina não cresceu por méritos programáticos, pois sua confusa tática tenta colocá-la como algo diferente, a "nova política", condenando o PT e o PSDB. Contraditoriamente, elogia os feitos de FHC e Lula e quer governar com gente de ambos os partidos. Depois falou que faltam elites no Brasil, que não vai lotear ministérios, que não é importante ter gerente mas sim estrategista, declarações que aos ouvidos mais razoáveis parecem não fazer sentido.
O fato é que Marina fez estrago do lado de quem deveria favorecer. Seu "alter ego" Neca Setúbal fala por ela ao "mercado" (bando formado por especuladores, banqueiros e outros parasitas da economia), que gostou do que ouviu da sócia do Banco Itaú. Isso tira patrocinadores de Aécio, e aí o problema fica mais grave. Para alguns que vão migrar para Marina pouco importa se o seu governo será viável, mas se o Banco Central vai ficar independente de qualquer ingerência de qualquer governo, constituindo-se no Olimpo dos deuses do dinheiro fácil.
Hoje Marina vai ao Jornal Nacional ser interrogada pelo truculento Bonner e sua auxiliar Patrícia. A Globo foi uma das principais responsáveis pela overdose de emoções que alavancou Marina. Poderia não tê-la convidado, mas no momento do convite ainda não se tinha certeza do tamanho a que chegaria nas pesquisas. Agora vão dar-lhe 15 minutos de exposição. Se baterem muito podem "martirizá-la". Se baterem pouco podem "promovê-la".
O melhor para Aécio seria a Globo repetir com Marina o que há anos faz com Lula e Dilma: ou não fala neles, ou fala mal, no menor espaço de tempo possível para evitar exposição. Quem criou a "onda Marina" pode descriá-la mais facilmente deixando o declínio de memória política fazer seu trabalho. Quem sabe o nome dos participantes do Big Brother duas semanas depois?
Para quem apoia Dilma o melhor também é esquecer Marina e promover Dilma e Lula. O programa de TV ajuda a mostrar tudo o que foi feito e surpreender gente que não sabia do nexo entre o benefício e seus criadores. Dilma tende a crescer, afinal, na pesquisa espontânea do IBOPE aparece com 45% de preferência, seu governo tem 38% de conceito ótimo/bom mas, estranhamente, as pesquisas lhe dão 34% de eleitorado e insinuam que Marina comeu uma parte dos seus votos. Muito, muito estranho.
A "onda Marina" pode ter chegado ao pico. Se é verdade o que o IBOPE diz ela só pode crescer agora com votos roubados de Aécio, que está no mesmo campo político de direita. Para chegar aos 29% o IBOPE fez os candidatos "nanicos" praticamente ficarem sem votos, e esvaziou a prateleira dos indecisos e dos anuladores. O melhor é deixar a onda se esvaziar na praia, já que o eleitor potencial de Marina é inorgânico, não tem partido. Esqueçam Marina!
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