Os automóveis brasileiros estão entre os mais caros do mundo. Até pouco tempo atrás se jogava a culpa nos impostos, mas o fato é que até quando o governo reduziu o IPI, o benefício não foi totalmente repassado aos consumidores, ficando as montadoras com lucros mais robustos. Em outros setores acontece o mesmo, sempre com a culpa atirada aos impostos, enquanto se lucra muito à sombra do governo e com preços cartelizados / oligopolizados.
Aí chegaram os carros chineses desmoralizando todo o esquema do Lucro Brasil , e acionaram os mecanismos de lobby mais poderoso: os sindicatos pressionando com receio de desemprego e os industriais dizendo que vão parar a produção, de forma que os políticos a eles ligados levem ao governo propostas protecionistas.
A subida do dólar, a princípio, deveria reduzir a pressão, mas o governo foi mais longe, aumentando o IPI sobre veículos importados de empresas que não têm fábricas no Brasil. Logo teremos mais aumentos nos preços dos carros, pela dificuldade de concorrência com os importados. E mais gordos lucros para uns poucos, servidos na bandeja pelo governo. Outros setores logo vão querer o mesmo, para não terem que concorrer com a China, reduzindo seus ganhos.
Se a moda pega, logo o Brasil será levado às barras da OMC por protecionismo, em contradição com o discurso de livre comércio e de fim de barreiras que nossa diplomacia vem fazendo. E teremos mais inflação, porque organização capitalista não é entidade filantrópica: usa todo poder que tem, em detrimento do benefício geral, para acumular para si o que puder extrair do que é coletivo.
Proteger os empregos dos trabalhadores brasileiros e a viabilidade das empresas deve ser uma preocupação de governos, mas há que se distinguir entre essa necessidade estratégica de proteção da malandragem de alguns grupos poderosos, em especial dos que arrotam livre mercado e brigam por menos impostos, mas adoram uma reserva de mercado.
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