Mais um colaborador da cruel ditadura argentina sai da sombra: o padre Alberto Zanchetta, que abençoava os militares que faziam vôos para jogar vivos no mar os opositores do regime militar, foi denunciado ontem quando rezava uma missa. O padre, que foi aposentado como capitão de fragata e capelão da marinha argentina, celebrava missas em paróquias de Buenos Aires.
No Brasil os religiosos tiveram diferentes posições na ditadura. De um lado, os que ajudaram no golpe militar e promoveram a Marcha com Deus e a Família pela Liberdade, levando milhares de pessoas às ruas para legitimar o golpe que viria logo depois. Hoje documentos liberados pelos arquivos norte-americanos mostram que essa atividade fazia parte do planejamento da CIA para o golpe. Nos anos de chumbo da ditadura, personalidades como Dom Evaristo Arns e Dom Aloísio Lorsheider enfrentaram os militares para defender os direitos humanos dos presos políticos.
É por essas e outras que a busca da verdade sobre o período da ditadura deve ser implacável. Não foram apenas alguns policiais e militares que cometeram crimes. Empresários, políticos e religiosos, por ação ou omissão, colaboraram com o regime e contribuíram para o seu fortalecimento.
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