Hoje para cada atendimento num caixa bancário há quatro outros em terminais de auto-atendimento, e dois por "internet banking". Isso vem de uma projeção de dados da Febraban de 2008., que também mostram que há dois pontos de atendimento eletrônico para cada agência bancária. Uma parte importante desses terminais está situada em prédios públicos ou privados, como prefeituras, hospitais, quartéis, shoppings, lojas de conveniência, supermercados, etc.
Sem eles, a distribuição de dinheiro obrigaria os mais de 40 milhões de brasileiros "bancarizados" a buscar pontos de aquisição de moeda corrente mais longe, enfrentando filas, deslocando-se para pontos de maior concentração, etc. Para os bancos, isso acrescentaria custos, porque teria que montar mais lojas e quiosques próprios, além de aumentar a quantidade de funcionários e caixas.
A expansão dos caixas eletrônicos atendeu a interesses dos donos dos locais, que passaram a ter um atrativo a mais para atrair clientela, e dos bancos, que se livraram de milhões de clientes e puderam reduzir os espaços dos seus prédios de agências destinados aos caixas para priorizá-los para atendimento qualificado a clientes preferenciais ( o "lixo bancário" de não clientes foi desviado para casas lotéricas e correspondentes bancários, onde a segurança é precária também).
Os recentes ataques com explosivos atingiram além dos "cash dispensers", mas as instalações dos proprietários dos espaços, trazendo duas questões graves: a indenização pelos danos e a quebra do interesse em abrigar dispositivos tão ameaçadores. Alguns dos ataques aconteceram em lojas de conveniência de postos de gasolina, e felizmente não causaram danos mais graves, como a explosão de tanques inflamáveis. Poderiam acontecer até em lojas alugadas pelos bancos para estabelecer pontos eletrônicos de atendimento.
O que pensam os banqueiros sobre o assunto? Que a solução é colocar dispositivos que sujem as notas com tinta, como se isso fosse problema para os bandidos. E as autoridades de segurança? Que se coloque menos dinheiro disponível? E os proprietários dos espaços cedidos? Que não se interessam mais pelos bombásticos dispositivos, que trazem, agora, mais riscos que benefícios.
O sistema bancário é vital para a sobrevivência de alguns municípios. Sem o dinheiro chegar às mãos da população, em especial os recursos das aposentadorias e transferências (governamentais e particulares), não existe economia local, não há feira, nem comércio. Tudo se desloca para a localidade onde está a agência ou terminal pagador. Para evitar essa sangria, alguns prefeitos se sujeitam a pagar a bancos tarifas absurdas para manter postos de atendimento bancário com a finalidade de por no local o dinheiro recebido de fora pelos munícipes.
No final, os prejudicados serão os cidadãos, que terão maiores dificuldades de acesso ao numerário. Abrir novas agências e postos de atendimento eletrônico, aumentar o número de guichês de caixa, são coisas impensáveis para um sistema bancário que vive de tarifar clientes e mamar nas tetas dos juros elevados das dívidas públicas, e de jogar os clientes para o auto-atendimento na internet. Caso não se encontre uma solução para conter a onda de violência contra caixas eletrônicos, o efeito poderá ser a eliminação de parte dos clientes mais pobres do acesso ao sistema bancário, além de prejudicar as economias de algumas localidades.
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