Nada melhor para a corrupção que obras que se tornam emergenciais por falta de planejamento e urgência na entrega. Se no meio disso os projetos forem feitos a tapa e precisarem a toda hora de alterações, é uma delícia para os empreiteiros, que cobrarão serviços extra-contratuais à vontade, e para a cadeia de corrupção dos órgãos públicos que aprovará os acréscimos.
Ontem na TV foram mostradas as obras do Maracanã, onde está concluída a demolição do "miolo", deixando a casca externa por questões de tombamento histórico. Aí vem a maravilha : a coberta atual não permite acréscimos, como quer a FIFA, aumentando a área protegida das arquibancadas.
O projetoNovo Maracanã teve que ser revisto, e agora parte da cobertura será demolida, para permitir a colocação de estrutura metálica coberta com lona. Um acréscimo generoso por causa de projetos feitos às pressas, que não dialogaram com o caderno de encargos da FIFA. Até agora o TCU não pôde conferir o orçamento por falta de documentos.
Agora vai à votação no Congresso a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2012, onde o governo pretende modificar algumas regras para tirar as amarras das licitações e controle de obras grandiosas como as da Copa e Olimpíada (aeroportos, estradas, metrô, etc), que pela pressa da falta de planejamento e mudanças em projetos e custos, são constantemente questionadas pelo Tribunal de Contas da União e eventualmente paralisadas. A rede de corrupção em obras públicas agradece essa "mãozinha" do governo, que premia o desplanejamento e a baixa qualidade de projetos.
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