quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Argentina : Estatizar o papel-jornal para acabar com cartel

O governo de Cristina Kirchner está próximo de desfechar um duro golpe no cartel de imprensa da Argentina. A única fábrica que produz papel-jornal, a Papel Prensa, que fornece 70% do insumo no país, foi comprada na ditadura militar pelos grupos La Nación e Clarín por processo irregular, que envolve cumplicidade entre governo e imprensa em crimes de sequestro e tortura à família Graiver, então proprietária da empresa. Militares e donos desses jornais estão sendo denunciados na justiça por crime contra a humanidade e apropriação indevida da empresa. Para engrossar o caldo, o governo argentino pediu à justiça para investigar se dois filhos da dona do Clarín seriam filhos de desaparecidos políticos do período da ditadura, adotados por ela.

O governo argentino, que tem maioria no congresso e deverá aprovar a estatização hoje no Senado (já foi aprovada na Câmara). Para a medida, alega que com o fim do controle do papel de imprensa pelo cartel La Nación / Clarín, o insumo chegará a todos os jornais do país a preços mais acessíveis, democratizando o acesso das pequenas empresas de comunicação.

Aqui no Brasil, quem tem barbas longas começa a colocá-las de molho. Nossa grande mídia colaborou com a ditadura militar, tem se colocado contra a Comissão da Verdade apurar crimes da época e está horrorizada com a possibilidade do Brasil ser um país decente, com legislação rigorosa contra a concentração de meios de comunicação (que existe em todo o mundo dito desenvolvido), e acabar com o absurdo "quarto poder" que tem a possibilidade de manipular fatos, criar versões, eleger e derrubar governos, atentando contra a democracia.

Nos últimos dias essa mídia golpista tem vergonhosamente escondido que está para acontecer uma CPI baseada nas provas dispostas no livro Privataria Tucana, que aponta o ex-governador José Serra como chefe de uma quadrilha que privatizou empresas estatais em troca de propinas. Um exemplo claro de censura e atentado à democracia, só possível com a atual concentração e horizontalização (rádios, TVs, jornais, TVs a cabo, internet nas mãos de um mesmo grupo). Tanto os crimes contra o patrimônio público como as cumplicidades com a ditadura devem ser investigados e punidos, mesmo contra esse poder autocrático da imprensa, que precisa de regulamentação no direito de empresa, não de censura, como tentam fazer crer para se segurarem nos privilégios.

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