terça-feira, 23 de agosto de 2011

Globo : Ordem é bater na política externa

Na semana passada, o jornal O Globo trazia como manchete de capa a "rebeldia" do governo brasileiro nas questões Líbia e Siria, dizendo que não acompanhávamos as potências nas medidas de pressão contra os ditadores. Na página com a matéria, entretanto, havia um infográfico mostrando que apenas os Estados Unidos, Inglaterra, França e Itália estavam de acordo com as intervenções mais duras, enquanto os outros 11 países do Conselho de Segurança da ONU tinham restrições a isso. Entre eles, China, Rússia, India, Brasil, o BRIC.


A mídia de direita, em especial a da Globo, quer fazer letra morta o artigo constitucional que fala que o Brasil é pela autodeterminação dos povos, ou seja, contra intervenções em outros países por quaisquer razões, e quer fazer crer que a "defesa dos direitos humanos" prevalece sobre isso. Só que o que defendem é o direito do capital, o direito imperial, de subjugar povos, colocar governos democráticos de fachada, e controlar as riquezas desses países.

Hoje O Globo está babando: sincronismo total das colunas do Merval Pereira, Míriam Leitão, do editorial, foto de Lula com Kadafi, e muito, muito pau no governo porque não segue as potências imperialistas no saque à Líbia, através do reconhecimento do governo rebelde, cujo titular já vem dizendo que dará preferência aos países que ajudaram na guerra para negócios na reconstrução. A Itália, que já foi dona do pedaço, deve ficar com a recuperação do setor de petróleo. A França também quer. Esqueceram-se do principal: o povo líbio quer tirar um ditador para repor o colonizador?

A diplomacia externa brasileira vem mantendo distância do alinhamento automático com as potências do capital, e tem reafirmado o princípio da não-intervenção. Até porque hoje é na Libia, amanhã na Síria, depois na Venezuela e, quem sabe, no Brasil, que teremos a aplicação do discurso do "não gostei, tem que sair" atrelado a desculpas humanitárias. Bombas da OTAN agora têm efeito curativo, humanizante, democratizante, ou a defesa da população civil da Líbia para justificar os ataques aéreos indiscriminados foi apenas um artifício para a intervenção?

Quando o governo brasileiro, com o aval norte-americano, conseguiu um acordo com o governo iraniano para maior transparência do programa nuclear deles, Obama puxou o tapete, disse que não aceitava o acordo. Não serve aos imperialistas a paz, mas o controle total da economia, que não têm. Depois veio o episódio do reconhecimento do Estado Palestino com as fronteiras de 1967, em que mais uma vez a imprensa colonizada achou um desaforo, e fez escarcéu. Uma ano depois, Obama fez a mesma coisa, e os caras aplaudiram!

Mervais e Mírians vão ter que esperar por dias melhores. Aliás, dias piores, porque suas teses pró-imperialistas só ganharão corpo no dia que estivermos à beira do abismo, propiciando a derrubada do governo democrático para a colocação de um dos deles no poder. A direita que age no território nacional quer fazer do Brasil uma grande Guatemala!

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