terça-feira, 27 de março de 2012

Herrar é umano (0015) - Acessibilidade radical

Moscou - Metrô estação Kutuzovskiy
Há 20 anos poucas vozes no Brasil insistiam na necessidade de adaptar as cidades e prédios às necessidades especiais de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência. De lá para cá os códigos de posturas de muitas prefeituras e leis federais ou estaduais passaram a impor essas adaptações.

Prédios de órgãos públicos federais e empresas de economia mista tiveram prazos para se adaptar, e a gente passou a ver não apenas a preocupação com os problemas dos deficientes levada em conta nos projetos, como verdadeiras atrocidades construtivas.

Sófia - Palácio Nacional da Cultura
As obras mais visíveis são as de acessibilidade para cadeirantes. Rampas com corrimãos e ângulos projetados para permitir que o esforço da pessoa, de forma autônoma, consiga mover uma cadeira de rodas e chegar aos objetivos como quaisquer outras pessoas. Pelo Brasil e pelo mundo afora, infelizmente, vemos casos e casos bizarros. No Rio estive numa estação de metrô que tem um elevador para cadeirantes, mas só da rua até o nível das bilheterias. Ou o contrário: um elevador inclinado da plataforma de embarque até as bilheterias, e escadas até as ruas.

Em Brasília vi rampa que se projeta para a rua, ou seja, o cadeirante tem que enfrentar os carros para subir, mesmo assim num ângulo excessivo. Fotografo essas coisas que obrigam o cadeirante a ser um esportista radical. Vide os (maus) exemplos nas fotos. No Leste Europeu vimos muitas rampas de trilhos nas escadarias. Não chegamos a ver nenhuma cadeira de rodas ou qualquer veículo, mesmo carrinho de carga, descendo ou subindo essas rampas. Numa estação havia essa rampa, com um corrimão que praticamente deve esmagar a mão do cadeirante, com um elevador inclinado colocado do outro lado.

Berlim - acessibilidade ônibus
Para não dizer que não falei das coisas boas, o exemplo vem de Berlim, na Alemanha. Os ônibus urbanos (pelo menos aqueles onde andei), ao parar nos pontos, inclinam-se em direção à calçada, praticamente zerando o desnível, já que o piso do coletivo está a uns 30 cm da rua. Isso é bem diferente do que temos no Brasil, com os arcaicos ônibus cujos pisos ficam a mais de 50 cm do nível da rua, obrigando a ter dois enormes degraus. Já que o ônibus faz esse movimento, é tranquilo para o motorista abrir a rampa para acesso de cadeira de rodas, uma operação rápida. Nos ônibus brasileiros, os elevadores demoram demais, vivem quebrados e não raramente os que necessitam subir a bordo com cadeira de rodas são xingados por passageiros que reclamam da demora da operação de embarque.

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