segunda-feira, 14 de junho de 2010

EUA : Obama tolera crime ambiental da BP

Assisti hoje os noticiários da CNN e Fox que destacavam a quarta visita do presidente americano Barack Obama à região do Golfo do México, para fazer discursos comparando o desastre ecológico com o 11 de setembro, dizer que tudo vai mudar em termos de meio ambiente e pressionar a British Petroleum a pagar os prejuízos, sabe-se lá quando. Enquanto isso, o poço no fundo do mar vai jorrando, provocando uma mancha de poluição que está trazendo prejuízos à pesca, ao turismo e principalmente destruindo ecossistemas delicados.

E se isso fosse no Brasil? Já tinha caído governo umas duas vezes, se dependesse da oposição. Ou teria havido uma intervenção do governo, tirando a empresa incompetente da condução da solução e chamando especialistas para estancar o vazamento. Nos EUA, ninguém fala em intervir. O problema vai ser da BP até o fim, e ela terá que arcar com os prejuízos ambientais. A oposição reclama, mas a medida concreta será chamar o presidente da BP para depor no congresso na próxima quarta-feira, aos 58 dias da tragédia. Terá que explicar por que documentos da empresa mostram que a explosão pode ter sido causada por decisões para aumentar a produção à custa do aumento de risco.

A descoberta dessa documentação muda a caracterização de acidente para crime, pois a explosão da plataforma e a morte de diversos trabalhadores não aconteceria se o limite de segurança não fosse estendido. E o crime ambiental não teria acontecido. Incrível a impotência, a tolerância, a leniência do governante mais poderoso do mundo diante de uma empresa privada, por uma questão de princípio de não intervenção do estado. Os ambientalistas americanos também não conseguiram fazer um barulho compatível com o tamanho da desgraça, ou não quiseram cobrar de Obama, a quem ajudaram a eleger. Parece coisa de sindicato brasileiro em relação a Lula.

Será que não tem como isolar ou drenar um poço a míseros 1500 m de profundidade, comparados com os 6000 m das explorações feitas pela Petrobrás? E se uma catástrofe natural ou atentados terroristas destruissem várias plataformas e os poços liberassem sem controle o petróleo, restaria aos governos ficar assistindo e tomando providências paliativas para diminuir os impactos? Não seria o caso de cassar as concessões de exploração da BP nos EUA, pela cabal demonstração de incompetência? O governo Obama está perdendo muito tempo esperando solução, em vez de intervir seriamente para resolver o problema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário