sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rio : Ocupação de favelas cala traficantes?

Passei 45 dias no Rio, próximo aos morros do Andaraí e do Macaco, e desta vez não ouvi os habituais tiros de fuzil ou metralhadora de outras temporadas. Detalhe: as favelas desses morros não estavam ocupadas pelas Unidades Policiais Pacificadoras, as UPPs. A Secretaria de Segurança, no período, instalou a UPP do Morro do Borel, na Tijuca, e ampliou o policiamento em outras áreas da Tijuca.


Há algum tempo vi na TV uma declaração do Secretário de Segurança Beltrame que tráfico havia em todo o mundo, mas com ocupação territorial por grupos com armamentos pesados estabelecendo um estado paralelo, só no Rio. O combate a esses grupos e seus armamentos é o foco, restando o tráfico clandestino, que não se extingue com as UPPs. Seria uma tática do tráfico recolher os armamentos para suas principais bases e assimilar as UPPs, continuando a vender drogas na "normalidade"?

Como as áreas anteriormente dominadas pelo tráfico estão se abrindo ao acesso com segurança, os consumidores podem entrar tranquilamente sem o pretexto de procurar pedreiros ou pagar às empregadas, e simplesmente frequentar bares, restaurantes e outros ambientes onde o tráfico pode fazer a abordagem.

Beltrame disse que já teria condições de bater de frente com os principais focos onde se sabe que estão concentrados armamentos e soldados do tráfico, como os complexos da Maré e do Alemão, mas o cronograma de ocupações parece obedecer a prioridades como impactos na rentabilidade, atender a interesses especulativos (valorização de até 400% dos imóveis próximos) e segurança da Copa de 2014 e Olimpíada de 2016. Ontem ocuparam o Morro do Andaraí, vizinho ao Borel, sem resistência, o que é muito estranho, observado o histórico de enfrentamentos anteriores.

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