terça-feira, 17 de maio de 2011

O "escândalo" de Palocci - e os outros?

Desde a campanha de Serra a extrema direita estava quietinha no seu gueto. Veio a se exasperar com a enrolação que o governo vem fazendo com o projeto do novo Código Florestal, que não é votado e enquanto isso um bando de desmatadores criminosos está levando multas milionárias, vários deles deputados e senadores da direita. Com raivinha, resolveram criar um factóide para fritar um dos principais ministros de Dilma, até como forma de terem "moedinha de troca" para forçar a votação do código da motosserra.


Não quero defender o Palocci, acho que ele tem mais é que explicar a evolução patrimonial, mas tem coisas que o mau-caratismo da direita e da mídia a ela associada empurram abaixo na cabeça das pessoas de boa-fé. Palocci declarou em 2006 que tinha uma casa de R$ 56 mil em Ribeirão Preto à Justiça Eleitoral. A não ser que o médico Antônio Palocci tenha feito voto de pobreza, essa casa dele valeria hoje R$ 100 mil. Certo?

Nem sempre. Não conheço a história de vida dele, mas possivelmente não se trata de uma casa de baixo padrão, e o preço não tem a menor compatibilidade com a cidade de Ribeirão Preto. O que acontece normalmente é a pessoa adquirir ou construir uma casa e declarar no Imposto de Renda o seu valor, que continua a cada declaração anual com valor histórico.

Aqui em Brasília, onde não há mercado, mas monopólio estatal de terras, uma casa comprada no Lago Sul há 20 anos por um valor equivalente hoje a R$ 200 mil está valendo mais de R$ 2 milhões. Aí o dono vende hoje a casa por R$ 2 milhões para comprar um apartamento do mesmo preço, e vem um jornalista burro ou canalha dizer que teve variação patrimonial de 10 vezes, incompatível com a renda, etc. O mesmo vale para muitas das fazendas desses latifundiários, que compraram terras a preço de banana e com investimentos simples multiplicaram seu valor. Ou aprovaram projetos passando estradas perto ou outras malandragens do mundo político-financeiro.

Como não boto a mão no fogo por político, muito menos os que têm escritórios de "projetos" ou "consultorias", proponho que a investigação se estenda a todos os políticos com sinais visíveis de riqueza. Alguns conseguem esconder melhor, através dos "laranjas". Outros lavam "recursos de campanha não declarados" ou dinheiro de lobistas através dos recibos dos "projetos" ou das "consultorias". Como são coisas intangíveis, difíceis de referenciar em valores, são instrumentos eficazes de validação de fortunas. Isso vale para políticos e outros que recebam dinheiros "por fora".

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