segunda-feira, 2 de maio de 2011

EUA : Olho por olho, dente por dente

Se o episódio da caça e morte de Bin Laden for apreciado do ponto de vista da justiça, da democracia e da soberania, teríamos que entender partes do discurso de Obama como na música "And Justice for All", do Metallica. Obama, que gosta de rock, citou no discurso "justice is done" (a justiça está feita) e ao final, em "justice for all" (justiça para todos), referindo-se ao compromisso americano de defender a liberdade e a justiça em qualquer lugar, a qualquer preço, sem preocupações com formalidades nem com direitos humanos.


Diz uma estrofe da música:

Justice is lost
Justice is raped
Justice is gone
Pulling your strings
Justice is done
Seeking no truth
Winning is all
Find it so grim
So true
So real

A tradução é :

A justiça está perdida
A justiça está violentada
A justiça se foi
Puxando suas cordas
Justiça é feita
Não buscando a verdade
Vitória é tudo
Parece tão cruel
Tão verdadeiro
Tão real

Os documentos do Wikileaks mostram cada vez mais a distância entre o discurso democrático norte-americano e sua prática ilegal e terrorista em todo o mundo, tramando a deposição de lideranças, assassinando seus inimigos, passando por cima de soberanias de povos e países, desprezando culturas. No caso de Osama, sua morte foi a lei do "olho por olho, dente por dente" que legitimou o justiçamento americano. Como na música do Metallica : "justiça é feita, não buscando a verdade; vitória é tudo".

Obama, que foi eleito como a esperança contra a extrema-direita do imperialismo, como o respeitador das questões ambientais e de direitos humanos, mostrou-se continuador das guerras dos republicanos, usurpador dos direitos humanos com a manutenção da prisão de Guantánamo e agora, mandante de assassinato, como assumiu no seu discurso de ontem. Ninguém sabe se Osama realmente está morto, já que não apareceu corpo nem nada.

Parece que vivemos no mundo de James Bond, o agente que atua em vários países, mata gente e não responde judicialmente por nada. Ou no Brasil de Bruno, onde uma pessoa é morta e o cadáver não aparece. Pelo menos neste caso, o suposto mandante está na cadeia. Agora a gente entende por que Obama vem ao Brasil e a polícia faz armações contra militantes, que são postos na cadeia sem acusações, humilhados e depois liberados, num processo kafkiano.

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