Alegando preconceito por Lula ser um "iletrado" e pela Universidade de Coimbra conceder títulos de "doutor honoris causa" apenas a pessoas relevantes na área do conhecimento, o ex-deputado José Carlos Aleluia, da executiva do DEM, tentou junto à instituição evitar que Lula recebesse a honraria. Aí vai a íntegra da invejosa carta do direitista, que nada conseguiu a não ser queimar o próprio filme como intolerante elitista:
Carta aberta ao prof. João Gabriel Silva, Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra,
Na condição de professor universitário venho perante Vossa Excelência manifestar a minha perplexidade e -porque não dizê-lo -indignação, diante da concessão do título de doutor honoris causa, pela instituição que ora Vossa Excelência representa, ao ex-presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Tomando como referência o significado que tem, para nós brasileiros, a Universidade de Coimbra, entendo que a iniciativa destoa aberta e completamente de toda a sua tradição. Aprendemos que as personalidades que lideraram o processo da Independência e que assumiram os destinos do novo país -a começar do Patriarca, José Bonifácio -formaram seu espírito na Universidade de Coimbra.
Aplaudimos com entusiasmo a concessão daquele título a ilustres representantes da contemporânea cultura brasileira, a exemplo do saudoso Miguel Reale. Em eventuais excursões a Portugal, todo membro da comunidade acadêmica brasileira sente-se no dever de conhecer a instituição que consideramos parte integrante de nossa História.
A concessão do mencionado título contraria frontalmente toda a idéia que nós fizemos da Universidade de Coimbra pelo fato, sobejamente conhecido, de que o ex-presidente sempre se vangloriou de não haver freqüentado qualquer curso. Insistentemente, perante a nossa juventude, buscou inculcar a noção de que o sucesso pessoal independe de qualquer esforço no sentido de aprimorar o conhecimento. E, sobretudo, por uma administração desastrosa em matéria educacional.
No plano estritamente político, notabilizou-se por institucionalizar a corrupção, alegando inclusive tratar-se de fenômeno arraigado, que não lhe competia combater.
Esteja certo de que, com esse passo temerário, de um só golpe, a Universidade de Coimbra deu-nos uma clara demonstração de não ter qualquer compromisso com o respeito à memória que seus antecessores souberam construir.
José Carlos Aleluia, ex-deputado federal,
professor universitário, membro da Comissão
Executiva do DEM e Presidente da Fundação Liberdade e Cidadania
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