No primeiro turno das eleições as pesquisas mais sérias apontaram algumas tendências e tentativas de manipulação, e, no final, erraram todas. Nenhuma previu o crescimento de Marina, nem a reação de Serra com a campanha subterrânea de baixarias puxadas por grupamentos religiosos, que também tiraram votos de Dilma.
Pela primeira vez, os candidatos apoiados pelo PT não cresceram na boca-de-urna. O partido não tem mais militantes. Percorri muitas seções eleitorais, e o cenário era muito diferente das eleições do tempo que o PT era mais arejado. Quem ainda tinha movimentação em escolas, faculdades, locais de trabalho era a militância de Marina, que arrastou parte dos antigos militantes petistas para uma campanha "nem Dilma, nem Serra". Muitos não acreditavam que poderiam fazer o estrago de levar Serra ao segundo turno, com risco dos demo-tucanos, que estavam à beira da cova, voltarem para assombrar o país.
Agora as pesquisas apresentam números que beiram os extremos do empate técnico. A diferença de 6 a 7% podem não estar existindo, porque as pesquisas não conseguem capturar os efeitos devastadores da campanha de formiguinha dos grupos religiosos envolvidos com Serra, nem dos e-mails caluniosos mandados pelo seu exército da baixaria virtual. É como se uma brasa continuasse a queimar os alicerces da campanha de Dilma, por baixo das cinzas. O sentido deste "post" é alertar sobre o perigo de uma surpresa ruim, de Serra aparecer com reais chances de vitória na reta final, ao sabor das manipulações da mídia e das baixarias.
Ontem na assembléia dos bancários em Brasília comecei a ver uma mudança de atitude das pessoas, que no primeiro turno ficaram apáticas em relação às eleições. Conversei com algumas delas, e vi que o ânimo mudou. Alguns estão preocupados com a volta ao passado e já usam adesivos da Dilma, não porque a adorem, mas por rejeitarem Serra. Alguns petistas inorgânicos, decepcionados com os desvios políticos, também começaram a se mexer, temendo o pior. Outros, identificados com legendas mais à esquerda, vacilam em adotar a posição dos seus partidos de referência, começando a questionar o voto nulo diante do fascismo que envolve a candidatura Serra. Alguns vão votar no Serra mesmo, porque acham que privatizando o BB e a CEF terão mais oportunidades para mostrar seus talentos (como se os tucanos tivessem algum dia saído de lá...).
Outros vão anular mesmo o voto, não vendo diferenças entre ambos. Entre esses, ouvi opiniões do tipo "melhor que o Serra ganhe, porque aí vamos ter muitas greves e tirar a pelegada fisiológica dos sindicatos". Fico preocupado com isso, porque o que vem por aí não é um ambiente razoavelmente democrático de enfrentamento. Com Lula não tivemos (ou tivemos muito pouco) enfrentamento dos movimentos sociais com policiais nas suas manifestações). Com Serra, isso é líquido e certo, basta ver a política do cassetete que empregam contra trabalhadores em greve para manter as políticas de arrocho.
O que é pior para quem acha que porrada de polícia tira pelego, é que com o PT e sua enorme bancada na oposição, os sindicatos deixarão a postura pelega que hoje têm em relação a Lula e partirão para a radicalização, caso Serra vença, ocupando os espaços reservados à esquerda mais radical nos movimentos. Se em oito anos de Lula as esquerdas praticamente não ganharam nenhum sindicato da CUT denunciando seu peleguismo, não será com Serra que conseguirão se diferenciar. Na cadeia, todas as esquerdas se tornam uma só.
Falta a campanha consistente de anos anteriores, voto a voto, nos locais de trabalho, nas famílias, nos grupos sociais, aquela que fez os partidos de esquerda crescerem muito além das suas possibilidades financeiras. Agora não é mais Dilma X Serra, mas a democracia contra o fascismo.
Qual o intelectual, produtor cultural, militante de movimento social ou sindical, que aceita o retrocesso aos anos FHC e, pior, o crescimento da extrema-direita mais soturna, influindo no governo federal e até mesmo tendo o seu apoio na hora de combater os segmentos mais liberais da sociedade. Eles são furiosos, e não encontrarão limites para uma política macartista, de guerra fria, e udenista, de falso moralismo, atacando as conquistas das liberdades mais recentes. Terão o apoio implacável da mídia golpista. Agora é barrar o fascismo. Dilma, Lula, PT, tudo ficou menor diante da opção pela democracia.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Hora de militância contra o fascismo
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Branquinho, é só chamar a gerentada do Banco do Brasil e os troglodistas das CUT que eles garantem a eleição. O PT há muito não precisa de movimentos sociais e de militância. Boa sorte a você. Para mim, o PT é menos direitoso e nojento do que o PSDB/DEM, mas como estes já não carrega nenhum projeto de transformação social.
ResponderExcluirPara mim é indiferente o PT no governo ou na oposição. Neste último caso, teremos uma reativação dos movimentos sociais.
Vou votar na Dilma, mas você não me verá com bandeirinha nos sinais. Aprendi com o PT.
João Renato - Brasília