quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Fraude : Nota dos delegados da PF adulterada para atingir PT

Uma coisa é os policiais federais criticarem que autoridades desqualifiquem seu trabalho considerando um exagero o uso de algemas na Operação Voucher, aquela que prendeu mais de 30 pessoas envolvidas com irregularidades no Ministério do Turismo. Outra é reclamarem dos cortes nos recursos da Polícia Federal por conta do enxugamento orçamentário do governo federal, faltando pessoal, material, etc. Uma outra é ameaçarem greve porque o governo não está dando atenção à categoria dos policiais federais, e porque consideram o Ministro da Justiça pouco interessado em defender suas reivindicações. Tudo isso cabe numa nota das principais entidades representativas da categoria em defesa dos seus profissionais.


Outra coisa é um sacana qualquer pegar essa nota e acrescentar no segundo parágrafo duas palavras para atingir o PT, em nome dos delegados. Vejam o parágrafo original:

..."A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas."

Como ficou a nota fraudada, distribuída à vontade em listas na internet, mantendo embaixo a assinatura do vice-presidente da ADPF:

..."A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção do PT tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas."

Sugestão à Polícia Federal: correr atrás de quem fez essa fraude, para evitar indisposições desnecessárias com o governo num momento em que se busca abrir canais para negociar verbas, salários, pessoal, etc. Com algemas e tudo. Aí vai a nota verdadeira, divulgada à imprensa em 12 de agosto:

"Nota de Esclarecimento: atuação da Polícia Federal no Brasil

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal vem a público esclarecer que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar.

A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas.

Milhões de reais – dinheiro pertencente ao povo- são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem “ estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal”. Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro.

A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. Agora, a tática volta ao cenário.

Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos.

De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal.

A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.

É uma pena que aqueles que se dizem “estarrecidos” com a “violência pelo uso de algemas” não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte.

No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada.

Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende.

Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa.

A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: “a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos”.

Brasília, 12 de agosto de 2011

Bolivar Steinmetz

Vice-presidente, no exercício da presidência"



Um comentário:

  1. Preocupado com a semântica, Branquinho?
    Que fraude horrivel!
    O PT ainda nem chegou ao pudê.
    Ou terá sido ao invès de fraude uma tentativa de explicitar o óbvio?

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