sábado, 2 de outubro de 2010

Eleições : O incômodo segundo turno

Vi no O Globo hoje um comentário de bastidores do debate da quinta, onde assessores do PSOL teriam dito a assessores de Dilma: "ganhem logo no primeiro turno, para que não tenhamos que apoiar vocês no segundo turno". Claro que o comentário é venenoso, e pode nem ter existido, mas algumas pessoas realmente pensam assim, e, na hora do voto, no sigilo da urna, vão votar na Dilma para acabar logo com essa fatura, abortar a baixaria dos demo-tucanos e, principalmente, não precisarem se expor no "apoio crítico" contra o candidato da direita, que fatalmente acontecerá.

Como iria Marina se posicionar? Nunca bateu pesado em Dilma, o que favoreceria o seu apoio. Disputou a segunda vaga com Serra, que a destratou no último debate. Gabeira, que é do seu partido, a gente já sabe: iria para o lado de Serra. Uma banda do PSOL faria o "apoio crítico", outra denunciaria ambos os candidatos, junto com o PSTU, PCO e talvez o PCB.

Há outros cenários a considerar para o segundo turno. Como sou otimista, vou começar pelo que considero mais provável: Dilma vence amanhã, junto com Tarso Genro (RS), Wagner (BA), Agnelo (DF), e vão para segundo turno candidatos da coligação de Dilma em São Paulo, Minas, Pará, Santa Catarina e outros. Senadores e deputados eleitos, o segundo turno terá apenas a dimensão majoritária. Dilma vai cuidar da transição, Lula vai continuar no horário eleitoral fazendo a propaganda das suas realizações que a mídia sempre escondeu, e participando dos comícios dos candidatos nos estados.

No caso de Dilma ir ao segundo turno com Serra, a coisa muda. Lula terá que continuar a campanha de Dilma, com um palanque mais amplo, reforçado por candidatos derrotados no primeiro turno que apoiarem a candidata do PT. Eleitores de Marina terão especial importância para José Serra, pois poderão diminuir o abismo que o separa nas intenções de voto de Dilma para o segundo turno. Esses votos também servirão à definição das eleições para governadores, onde houver. As máquinas eleitorais dos partidos aliados de Dilma continuarão a pleno vapor, o que não aconteceria no caso dela vencer amanhã em primeiro turno.

Assim como arrisco fazer análises, gente bem mais experiente e bem paga deve estar, neste momento, avaliando se vale a pena manter o moribundo Serra para perder daqui a um mês ou enterrá-lo de vez amanhã. Isso inclui a possibilidade de tentarem alguma gracinha na mídia daqui para amanhã. E alguns "acordos" que os capas-pretas podem tentar para delimitar alguns territórios, tipo "a gente entrega a eleição de fulano, e vocês deixam sicrano vencer". Eu acho que não é interessante, a não ser para grupelhos da extrema-direita e alguns tucanos interessados em uma nova hegemonia no partido, manter o sangramento de Serra por mais tempo. É chegada a hora de olhar as fichas na mesa de jogo e avaliar se hora de parar, antes de perder mais.

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