sábado, 2 de outubro de 2010

Véspera de eleição: Mídia "democrática" demais...

Quem folheia O Globo de hoje acha que as coisas voltaram ao normal, ou seja, o jornal continua na sua linha de oposição ao governo, mas aparenta não estar envolvido em nenhuma tentativa de golpe de última hora. O Jornal Nacional de ontem sequer editou imagens do debate da quinta para favorecer ou denegrir qualquer candidato. Até porque o debate foi sonolento, sem novidades nem falhas.

Se havia a "ordem unida" para tentar manipular as eleições a partir de denúncias e factóides na grande mídia, parece que agora há um esforço de mostrar normalidade, de recuperar credibilidade. Bem, ainda tem hoje à noite o Jornal Nacional, que pode lançar algum factóide impossível de desmentir ou apurar até a votação de amanhã. Questiono: vale a pena?

Minha veia anarquista diz que deve ter rolado algum acordo, depois da guerra onde a mídia pegou pesado contra Lula, e este mais ainda contra a partidarização dos meios de comunicação. Falou-se em controle da oligopolização, etc. Na Argentina estão levando donos de jornais aos tribunais, por colaboração com a ditadura. Ontem fracassou uma rebelião que poderia terminar em golpe no Equador.

Hoje vi todos os grandes jornais esculhambando o candidato tucano ao governo do Paraná, Beto Richa, porque está censurando blogs, institutos de pesquisa e a própria imprensa ao impedir judicialmente a publicação de pesquisas que podem mostrar sua queda de preferência. E batendo pesado em Roriz e sua nova armação: o video mostrando o genro do ministro Carlos Ayres Brito oferecendo serviços de advocacia que poderiam impedir que o sogro, que considera o ex-governador ficha-suja, votasse no processo da validade da lei nestas eleições.

A maré não está boa para golpe. Ainda mais para acender velas boas para um defunto ruim, que é o Serra. Sua antipatia, autoritarismo e ego exacerbado levaram muitos aliados a abandoná-lo e mesmo a traí-lo. Por que a mídia iria jogar todas as duas fichas nisso? Serra não vale a pena. Desestabilizar o Brasil por ele, levar o país à possibilidade de revolta social por causa de fraude, para favorecer alguém que não mostrou atributos para construir alianças nem para conquistar votos?

A esperança da direita reacendeu com as eleições da Venezuela, onde a oposição acabou com a maioria absoluta de Chávez. Não é tão ruim assim para eles bombardear Dilma por 4 anos (ela não é Lula...), e preparar para crescer nas eleições para prefeito em 2012 e depois voltar com força. E conseguir uns acordinhos, uns jabás ou cala-bocas da propaganda oficial, enquanto isso. Morder e soprar, como alguns meios de comunicação fazem. Não irei me surpreender se o filme "Lula, o filho do Brasil" vier a passar em alguma grande TV às vésperas do presidente entregar o mandato...

Como dizia o traficante Baiano, em "Tropa de Elite", "o morro está muito calmo, e isso é ruim". O alívio na tensão entre mídia, institutos de pesquisa e o processo democrático normal pode ser a calmaria que antecede a tempestade. Todo cuidado é pouco. Podemos ter raios em pleno céu azul. A Veja, que geralmente é a geratriz dos "escândalos", ainda não foi às bancas, nem saiu a última pesquisa do Datafalha, nem sabemos se o JN e os jornalões de amanhã repetirão os esquemas das últimas semanas em cima da hora da votação.

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