terça-feira, 16 de junho de 2009

UNB : pichação politicamente burra

Nos tempos da ditadura pichar um muro com uma mensagem política era uma atividade arriscada. Não havia como expressar qualquer mensagem, pois a imprensa era censurada e quem pensasse diferente ia em cana só por estar pensando. A mensagem tinha que ser curta e grossa, e de fácil entendimento. Normalmente os dizeres "Abaixo a ditadura" ou "Fora Fulano" diziam tudo.

Hoje qualquer imbecil compra um spray e bota seu jamegão numa parede, assim como um cachorro mija num poste ou num pneu para marcar seu território. Não há preocupação com mensagens, servindo apenas para mostrar aos seus pares que chegaram a um lugar mais difícil que os outros, e, portanto, tiveram mais ousadia ou coragem. De tão difundidas, as pichações de gangues ou anárquicas, diferentemente do grafitti, ganharam a repulsa das pessoas, por enfeiarem mais os seus cotidianos. Hoje existem faixas, bem baratinhas, que podem ser feitas em qualquer fundo de quintal, e, melhor, podem ser remanejadas para outros locais de concentração, onde se podem fazer mensagens até com revisão de texto. Ninguém mais é preso por dizer o que pensa, podendo até serem assumidas as autorias, pelo. Num ambiente de repressão e perseguição, o protesto com palavras de ordem não tem muita escolha de hora e local.

Fazer uma pichação política hoje envolve certos cuidados. A mensagem pode ter o efeito contrário, pela censura das pessoas ao ato de depredar um patrimônio público, como nessa da foto, feita numa parede de um belo prédio da UNB, o da Faculdade de Tecnologia. Pior: o autor mostrou desconhecer o que escrevia. Sua mensagem deveria ser "A UNB náo deve ser conivente com o GDF corrupto", ao invés de "conveniente". GDF, para quem não sabe, é a abreviação de Governo do Distrito Federal. Eu que vivo na cidade não sei do que se trata. Muitos podem concordar que o GDF seja corrupto, e que a UNB não deva ser conivente com qualquer tipo de corrupção, afinal, recentemente seus alunos derrubaram um reitor que morava numa cobertura de luxo bancada pela Universidade, que tinha até lixeiras eletrônicas de R$ 1000 a unidade. Mas a UNB ser "conveniente" com a corrupção não tem sentido, é pura burrice. Coisa de maluco avulso ou de corrente ultra-sectária do tipo "eu sozinho".

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