Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não arriscaria palpite sobre a variação do PIB no 1° trimestre de 2009. Só podia afirmar que seria negativo, e que não daria palpite, como economista, porque certamente iria errar como todos os demais. Nisso ele acertou. O mercado esperava uma queda entre 1% e 2,5% na comparação com o último trimestre de 2008, e deu -0,8%. Como há números e números e maneiras políticas de explorá-los, a mídia tratou de informar que "o Brasil entrou em recessão técnica", negada pelo IBGE, por estar há dois trimestres com o PIB em queda, como se estivesse nivelado com os desabamentos das economias centrais, que já afundam há mais de 3 trimestres como os EUA, que tiveram variação de -5,7% no primeiro trimestre de 2009. Não importa o que venha a ser "recessão técnica": o importante é a mídia dar combustível para a direita bater no governo.
O mercado reagiu diferente. O indicador foi muito melhor que os mais otimistas pensaram, e isso vai significar mais entrada de capital estrangeiro que está rodando o mundo em busca de oportunidades. Isso vai criar mais problemas cambiais, a não ser que a reunião do COPOM, que começa hoje, faça cortes mais corajosos na taxa de juros para adequar a demanda por títulos públicos às necessidades de financiamento das dívidas governamentais, evitando a entrada maciça de capitais especulativos.
Amanhã será dia de mais um "nunca na história deste país": os juros básicos devem cair para a casa de um dígito. Isso é bom, pois reduz o montante da dívida que compromete o orçamento público ao tirar dinheiro de investimentos e programas sociais para dar aos rentistas. É insuficiente, porque o crédito ao consumidor e aos pequenos produtores continua escasso e caro por causa do cartel dos bancos, que ainda mantém elevados "spreads", a despeito da tentativa do governo botar os bancos públicos para forçar a concorrência oferecendo crédito a juros menos extorsivos.
Os dados do IBGE mostram que, comparados os PIBs dos últimos quatro trimestres com os dos quatro trimestres imediatamente anteriores, o crescimento foi de 3,1%. Isso quer dizer que, com toda a crise, o crescimento anualizado conseguiu ficar no azul. Outro dado interessante é ver que houve forte queima de estoques (tabela II.1) nos dois piores trimestres da crise, o que tem forte correlação com a queda de 9,3% na produção industrial e no investimento. A crise fez a indústria parar de produzir e de investir, na expectativa de melhor visualização do cenário, e queimar os estoques, que agora terão que ser repostos com investimentos e produção. Como disse Mantega, os números apresentados são agora vistos "pelo retrovisor", ou seja, representam uma história já passada, e a tendência agora é de melhoria de indicadores. Tomara que, mesmo sendo economista, esteja certo.
terça-feira, 9 de junho de 2009
PIB cai no 1° trimestre de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Companheiro Branquinho,
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Tenho acompanhado sempre que posso. Passarei por aqui mais vezes. Pensei em criar um blog mas, pelo que leio aqui, acho que o seu blog dá conta do que imaginei ser necessário.
Oportunamente entrarei em detalhes. De novo e por ora, parabéns!
Abraço,
Lucio Faller
ex-presidente do SEEB-ES
Vitória-ES