sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Venezuela : O inferno da direita brasileira

https://www.facebook.com/socialismodadepressao
Ontem uma imensa manifestação popular e a presença de alguns presidentes de países sul-americanos marcou a posse do vice-presidente Maduro em Caracas, na continuação da convalescença do presidente Hugo Chávez, internado em Cuba. A direita venezuelana, que havia marcado um protesto para a mesma data pedindo novas eleições, estava murcha porque a suprema corte considerou constitucional que o vice assumisse, podendo Chávez tomar posse sem data determinada.

No Brasil ontem foi o chororô da mídia, sempre tomando as dores da direita venezuelana e colocando Chávez como ditador. Chamaram a suprema corte venezuelana de "chavista" pela sua decisão, com amnésia dos fatos recentes ocorridos no STF, onde pessoas foram julgadas sem provas e as penas foram ampliadas para gerar prisões e, principalmente, grande estrago ao governo e partidos de esquerda. Isso permitiria a outros dizerem "STF demo-tucano".

S.J. D'el Rey (MG) - Túmulo de Tancredo Neves
Quando se falou da legalidade da posse de maduro, o Partido da Imprensa Golpista (PIG) também não se lembrou do que ocorreu com Tancredo Neves em 1986. Doente no hospital, Tancredo não assumiu, mas Sarney, que era o vice, tomou posse. Dias depois Tancredo faleceu e Sarney ficou, sem que se falasse mais em nova eleição, mesmo com grande agitação pelas diretas dos anos anteriores. Disso só resultou o lançamento de Aécio Neves como carpideiro do avô e herdeiro político. Já na Venezuela, a "nossa" direita enxerga na posse do vice um golpe, e apoia uma nova eleição. Há um artigo muito bom do jornalista Jânio de Freitas na Folha sobre esse "esquecimento".

A miopia dessa gente retrógrada não permite que se enxergue além da própria realidade que inventam. Venezuela não é Brasil. Chávez não é Lula. A própria direita de lá contribuiu para isso, boicotando uma eleição parlamentar, permitindo que Chávez tivesse o controle quase total do Congresso. A direita, como sempre, acreditou no golpe, que até tentou, mas se deu mal. Assim Chávez reformou as estruturas do estado e consagrou direitos mais avançados. Também não vacilou com as forças armadas, que hoje possivelmente não apoiariam uma aventura golpista sem uma grande divisão. E organizou o povo, o que Lula e o PT, na ânsia de concentrar poder, não fizeram por aqui.

O próximo "round" está marcado para a eventual morte de Chávez. A direita vê nisso nova oportunidade, mas esquece que um velório de Chávez seria uma manifestação popular gigantesca, e que seus herdeiros políticos venceriam qualquer eleição seguinte, dada a comoção popular. Não tenho simpatias por Chávez, mas o papel que exerce hoje como contraponto ao imperialismo e à direita na América Latina supera em muito o de Cuba nas décadas anteriores. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário