terça-feira, 1 de março de 2011

Salário Mínimo : o elogio da traição no PT

Reproduzo o texto do companheiro Antônio Ibiapino, ex-dirigente da CUT-Ceará, liderança têxtil que muito respeito pela coerência lutando contra tudo e todos dentro do PT enquanto membro da sua executiva estadual. Trata do voto do deputado federal Eudes Xavier, ex- presidente da CUT-CE, líder comerciário, que não se juntou à bancada do governo no voto pelos míseros R$ 545 propostos pelo governo Dilma.


Parabéns ao companheiro Eudes e ao deputado Francisco Praciano, do PT-AM, pela coerência e, principalmente, pela coragem de manter-se ao lado dos trabalhadores. A eles está sendo aplicada a pecha de "traidores" do governo e o pedido de punição. Esses dois merecem a nossa solidariedade contra os ataques que virão da parte dos burocratas partidários que continuam descaracterizando o PT. Para mandar e-mails de apoio, aí vão os endereços:


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Eudes Xavier, o deputado fora de sintonia

O deputado cearense Eudes Xavier, sindicalista e ex-presidente da CUT do Estado, discordou da maioria dos deputados do PT e também do governo, em relação ao valor do salário mínimo. Seu voto foi contrário aos 545 reais propostos.

A atitude do deputado cearense está gerando polemica e, inclusive se fala em puni-lo pelo "erro" e falta de sintonia com o projeto nacional!

Pelo grau de importância política e histórica inerente à política de salário mínimo no país, não podemos fazer uma analise simplista da questão, pelo contrário, se quisermos ser responsáveis precisamos ir a raiz do problema.

A CUT e principalmente o PT acumularam força e credibilidade em nível nacional, pela insistente defesa de algumas bandeiras de lutas; entre as quais se destaca a do salário mínimo. Na época, tanto a CUT como o PT acusavam aos governos de direita por proporcionar aos bancos e também aos grandes grupos econômicos enormes lucros à custa do suor e do sacrifício da classe trabalhadora, especialmente daqueles que tinham como fonte de renda apenas o salário mínimo.

Essa proposta era realmente coerente e sobretudo justa, porque ao longo dos anos os trabalhadores brasileiros perderam muito no seu poder de compra. O salário mínimo, desde sua criação, segundo o DIEESE fora desvalorizado em aproximadamente 500%. Como fruto dessa política, prevaleceu o aumento da pobreza, a favelização, a violência e outros males.

Na tentativa de atenuar os problemas advindos dessa política perversa, a CUT aprovou em seu 5º Congresso Nacional, nos dias 19, 20, 21 e 22 de maio de 1994, as seguintes propostas: A) adoção do salário mínimo calculado pelo DIEESE como salário mínimo oficial e a adoção imediata do projeto defendido em conjunto pelas centrais sindicais de elevação trimestral do salário mínimo. B) A CUT defende como medida de proteção dos salários o reajuste mensal automático de 100% da inflação. C) A CUT propões que o parâmetro para aumentos reais de salário (acompanhando o aumento do emprego) seja a recuperação do patamar de 50% de participação dos salários na renda nacional.

Como já frisamos, o deputado Eudes Xavier conduz consigo a responsabilidade de ter sido presidente da CUT, portanto, é um daqueles que tanto lutou para que os trabalhadores pudessem um dia obter melhores condições de vida e de trabalho. Esse dia é o presente; onde, Eudes Xavier é deputado e a conjuntura política lhe deu oportunidade de melhorar a vida da sofrida classe trabalhadora, e assim o fez demonstrando coerência política em relação a sua história de vida.

Dizia José Martí: “Cuando hay muchos hombres sin decoro, hay siempre otros que tienen en si el decoro de muchos hombres”.

Nesta ação o voto do companheiro Eudes foi o voto do decoro, portanto não está sujeito a nenhuma condenação; se alguém se atrever propô-las aconselho que guardem-nas para aqueles que em nome de seus próprios interesses se juntam a bel prazer com o PSDB e também ao DEM em alianças promiscuas desacatando as resoluções do partido ou ainda para os que inadequadamente se afastaram da ética e dos bons costumes partidários; esses, sim, são realmente merecedores de exemplar corretivo revolucionário.

Antonio Ibiapino da Silva

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