quarta-feira, 16 de março de 2011

Japão : a radiação subiu no telhado da usina nuclear...

A notícia sobre o desastre nuclear japonês num patamar próximo ao de Chernobil vem a conta-gotas. Todo dia aumentam o diâmetro da área isolamento, o governo japonês gradativamente aumenta a intensidade dos riscos para a saúde, e aqui e ali aparecem vestígios de radiação, até em Toquio, que não fica tão próxima à central nuclear de Fukushima.


O fato é que há mega-interesses envolvendo tanto a versão americana como a japonesa, que são divergentes na gravidade dos riscos. Países como os EUA, Inglaterra, França e mesmo o Brasil estão em franca retomada dos programas nucleares, com a construção de usinas num ritmo inédito desde o acidente de Chernobil, quando todo mundo ficou com medo da energia nuclear. Até hoje não se sabe quantos morreram ali a longo prazo, nem em Three Miles Island, nos EUA.

Os sucessivos incêndios nas unidades geradoras de Fukushima indicam atividade fora de controle, ou seja, tudo está derretendo dentro dos reatores, ficando a dúvida sobre o nível de atividade do combustível. Não há explosão desse material, mas os vasos de contenção podem fissurar pela alta pressão dos gases, causando nuvens radioativas que podem viajar milhares de quilômetros, poluindo cidades e plantações. Nestas o risco é maior, porque absorvem radiação e depois são ingeridas como alimento pelos animais e seres humanos.

Na Alemanha, o governo está revendo a decisão de fechar todas as usinas nucleares até 2022, buscando antecipar esse prazo sob pressão do movimento ambientalista. Na França isso é impossível, pois mais de 80% da energia produzida é nuclear. O mais paradoxal nisso tudo é que, nos últimos anos, muitos vêm considerando a energia nuclear como uma das mais limpas, em termos de emissão de carbono.

No Brasil, as usinas de Angra representam 4% do total de energia produzida. Aqui, porém, o olhar anti-nuclear também é anti-hidrelétrico (Belo Monte, por exemplo), anti-termelétrico e só considera limpas a energia solar e eólica, de baixíssima produtividade a imensos custos por kWh produzidos.

Nos Estados Unidos a briga é outra. O governo Obama, no pouco que tem feito, tem como estratégia reduzir a dependência energética em relação ao Oriente Médio. O programa nuclear é vital para isso, com a construção de novas 18 centrais. Obama vem ao Brasil assinar acordo para compra antecipada de petróleo que ainda está no fundo do mar. A China já fez isso também.

Os EUA já reduziram em 7% as compras de petróleo do Oriente Médio, mas ainda são os maiores compradores. Fugir do petróleo, em especial dos árabes, é vital tanto para EUA como Japão, que não tem petróleo nenhum no seu território, nem hidrelétricas, nem espaços para encher de usinas solares ou eólicas.

Aí vem a questão: e se eles conseguissem a independência total em relação aos árabes? Bem, estes continuariam vendendo para boa parte do mundo, mas a indústria armamentista americana perderia parte da razão de viver, porque é mantida graças aos generosos orçamentos que destinam mais dinheiro para guerras que para saúde e educação.

O acordo com o Brasil e o desdém em relação ao massacre que Kadafi está fazendo na Libia são duas faces da mesma moeda. A Líbia que se dane, pois os EUA podem viver sem o seu petróleo. A Europa que resolva o problema, já que em breve será inundada por um tsunami de exilados líbios.

A avaliação da extensão do desastre japonês também é obscura por interesses do mercado. Num dia a bolsa de Tóquio (Topix) cai 10%. No outro, sobe 5,7%. São números de magnitude comparável à do terremoto e do tsunami. Tem gente ganhando muito dinheiro com a boataria sobre o desastre nuclear japonês. E gente querendo manter a dependência do petróleo árabe para manter as guerras.

Também tem gente falhando em projetos, construindo sistemas redundantes de geração elétrica para resfriamento de reatores que levam em consideração o risco de um terremoto, mas não contam que um tsunami vá passar em cima das defesas no mar e destruir tudo. E tem usinas de terceira geração que são extremamente seguras. Confiar em quem?

Um comentário:

  1. Muito obrigada essa noticia me ajudou muito para o meu trabalho da escola

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