domingo, 20 de março de 2011

Obama in Rio : o circo da Cinelândia


















Várias vias do centro do Rio foram fechadas neste domingo para permitir que Obama chegasse ao Teatro Municipal para fazer um discurso a uma platéia seleta. Quando ia para a Cinelândia, vi a pista da Av. Presidente Vargas no sentido do Centro fechada, com um enorme engarrafamento. Pelas ruas mais internas, consegui parar o carro a uns 200m do Teatro Municipal.

Todas as vias próximas ao Municipal estavam fechadas a pedestres. Não notei a presença de agentes estrangeiros ostensivamente nas ruas, apenas o pessoal do Batalhão de Choque e Guarda Municipal. No topo de alguns prédios havia algumas pessoas, possivelmente atiradores de elite.


Dentro do Municipal participou do discurso de Obama uma elite econômica, cultural e burocrática escolhida a dedo, que aplaudiu tudo que o presidente americano falou. A galera do lado de fora, na Cinelândia, só conseguiu ver as imagens pelas televisões do bar Amarelinho. Havia de tudo, e as fotos não vão conseguir expressar o grande circo que se juntou ali. De turistas americanos a diversos grupos de oposição ao imperialismo.

Até uma bandeira do PT havia, junto com a de Cuba, num grupo pedindo a libertação de prisioneiros cubanos nos EUA. Havia uma pequena representação do PSOL, e a grande ausência notada foi do PSTU / Conlutas, que fez um protesto na sexta que resultou em pancadaria e prisões. Optaram por uma concentração no Largo do Machado, a 3 km do local.
A polícia fechou a Av. Rio Branco, com tanque de guerra e outros veículos militares, uma das principais do centro do Rio, e toda a área do calçadão da Cinelândia em frente à Câmara dos Vereadores, até próximo ao bar Amarelinho. Também estavam ali figuraças avulsas, da Mulher Bambu a um performático fazendo um discurso anti-Obama tendo ao lado uma mulher que parecia um gárgula.


Militantes individuais com cartazes protestavam contra a desigualdade racial, a entrega do pré-sal e da Amazônia, e outros enalteciam o empresário Eike Batista e pregavam o Esperanto como língua universal. Havia faixa contra algum reitor que deixou crianças sem matrícula, outra em defesa de Cesare Batisti, um militante pedindo democracia na África sem banho de sangue.

Alguns brasileiros fãs de Obama também mostraram suas camisas e cartazes. Havia até cartaz de apoio à luta dos trabalhadores americanos de Wisconsin contra a supressão de direitos pelo governo estadual.

Uma das melhores cenas foi de um músico amador, que chegou com um equipamento de som e ficou vendendo CDs em frente ao batalhão de choque. Poucas palavras de ordem foram emitidas, mas não faltou a tradicional "o povo não é bobo, fora a Rede Globo" quando se tentou transmitir ao vivo, ao final do discurso. Nessa hora os cartazes "Obama go home" apareceram, e outras palavras de ordem anti-americanas foram gritadas.

Por lá também estavam a representação de policiais e bombeiros denunciando, com faixas em inglês, os baixos salários no Rio de Janeiro. Outra faixa era da luta pela PEC 300. Não houve
qualquer incidente, e Obama saiu do teatro rapidamente por alguma porta secundária. No total, havia no máximo 2 mil pessoas do lado de fora do teatro, entre curiosos, policiais e militantes.

Como ato político contra a presença do maior representante do imperialismo, foi péssimo. O governo controla os principais partidos de esquerda, sindicatos e centrais, tirando do ato as massas, participando apenas pequenos grupos. Como circo, foi ótimo. Havia muita variedade de atrações. Se tivesse música, virava Woodstock.

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