quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CPI do Cachoeira : Pagot é Jefferson II?

No depoimento de ontem do ex-diretor do DNIT, Luiz Pagot, era de impressionar com uma pessoa que parece tão ingênua chegou a um posto-chave num setor visto como o filé mignon para a corrupção. Obras de estradas, pela própria natureza, têm mais incertezas e imprevistos que outras, daí para orçamentos serem díspares e serviços extra-contratuais poderem ser vultosos é uma coisa constante. Bom para fazer dinheiro sumir e reaparecer noutros lugares.

Pagot disse que frequentava eventos sociais com empreiteiros, Cachoeira e Demóstenes, a ponto de levar uma "peitada" de Fernando Cavendish, então presidente da empreiteira Delta, para arranjar obras para a sua empresa. Depois vem dizer que o tesoureiro do PT o procurou para fazer contato com empresas em busca de doações para a campanha de Dilma. Disse que fez o contato, e daí diz não saber mais de nada. Segundo ele, tudo legal. No depoimento, disse que se arrependeu desses contatos, que caracterizaram falta de ética e promiscuidade que beira o peculato. Pagot foi demitido por Dilma em meio a evidências de corrupção. Agora parece querer vingança. A mídia pode fazer dele um novo Roberto Jefferson, dando-lhe os holofotes para aparecer como algoz de Dilma.

Evidentemente, de tudo que disse a mídia só focou na possibilidade de contribuições possivelmente ilegais para a campanha de Dilma à presidência. Desprezaram a parte do depoimento onde Pagot diz que Paulo Preto, um dos arrecadadores da campanha de José Serra à presidência, que na época era o diretor do DERSA (que faz obras viárias no estado de São Paulo), fez um contrato temerário onde houve um acréscimo de R$ 370 milhões irregulares. Paulo Preto ficou conhecido na campanha presidencial passada por ter contatado empreiteiras para pedir dinheiro para Serra e foi acusado pelos próprios tucanos de embolsar parte do dinheiro recebido. A mídia, por razões óbvias, não deu destaque a isso.

Hoje Fernando Cavendish e Paulo Preto vão depor. Ao contrário dos depoimentos anti-governo, onde todo mundo fala e tem apoio de mídia, não se espera muito dos dois. Se Cavendish resolve falar, o escândalo se espalha por vários estados. Se Paulo Preto tiver sido deixado na estrada por Serra, também pode voar penas de tucano. Duvido, mas...

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