quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mensalão : O julgamento que caiu da mudança

Desde o início acompanho as sessões do julgamento da Ação Penal 470, vulgo Mensalão do PT. Começo a achar que esse julgamento não era para ter existido. O escândalo foi montado a partir de algumas evidências que não se converteram em provas cabais, mas o esforço de mídia, articulado com a oposição de direita era para ter golpeado Lula, deposto o seu governo e tudo cair no esquecimento que se sucede aos linchamentos públicos.

O julgamento político não precisa de provas, apenas de versões que se sobrepoem aos fatos. Ganha quem tiver mais força no discurso. Nada de autos, papelada, etc. Não vale o escrito, apenas o dito e repetidamente propalado até que vire verdade. No caso de Collor, por exemplo, avalio que se a Globo não tivesse participado da campanha para derrubá-lo como forma de evitar o crescimento do PT e de Lula em 2002, e empurrado o governo-tampão de Itamar, o Caçador de Marajás teria terminado seu mandato.

No episódio do Mensalão nada deu certo, a não ser o discurso anti-petista que acabou galvanizando apenas as forças de direita, e não impediram a sua reeleição em 2006 ou a eleição de Dilma em 2010. Nem com a tentativa na época do "caos aéreo" deu certo. O episódio tinha tudo para ir para o lixo da história, com a prescrição em 2012, mas novamente a mídia golpista e o que restou da oposição de direita viram no julgamento uma derradeira tentativa de causar estragos ao PT, Lula e Dilma.

Fizeram uma ampla campanha de reavivamento do escândalo, tentaram tirar o ministro Tófolli do julgamento, correram para permitir que o voto de um dos juízes aconteça antes de se aposentar. Resultado: mais um fracasso, pois na pauta entrou a Olimpíada, fazendo o assunto repetidamente empurrado nos espectadores ficar desagradável. O relatório do Ministério Público, carente de provas de qualidade, está sendo esculachado pelos advogados dos envolvidos, e certamente haverá absolvições, até mesmo de José Dirceu. São 38 advogados, os melhores do país, fazendo fila para desqualificar o pouco de prova consolidada, levando à opinião pública dúvidas sobre se o episódio realmente aconteceu.

Moral da estória: o episódio não teve consistência para alcançar o tamanho que a imprensa e a oposição lhe deram, e o julgamento parece um cachorro que caiu da mudança e não sabe para que lado vai. Não servirá para tirar votos do PT nas eleições, e ainda poderá ser usado por Lula, Dirceu e companhia como atestado de bons antecedentes, caso não seja um julgamento político como parece que será, com punições já encomendadas para não desmoralizar muita gente que apostou no golpe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário