terça-feira, 30 de abril de 2013

Estados Unidos : Miséria na aposentadoria?


Por que no país mais rico do mundo as pessoas estão vendo a aposentadoria mais distante e pior? 

A crise de 2008 trouxe desemprego e menos salários. O crescente custo de despesas médicas aumenta a necessidade de mais poupança para fazer frente aos gastos futuros. A inflação corrói as aplicações financeiras a ponto de uma pessoa perder, em 22 anos, metade do valor real da sua poupança de longo prazo. Os papéis de renda fixa estão pagando bem menos. Fundos de pensão de trabalhadores de grandes empresas e governos passam por sufoco com baixo rendimento das bolsas. 

Com esse cenário e apesar da economia mostrar sinais de lenta recuperação,  milhões de americanos ainda têm uma visão muito ruim quando se trata de sua própria capacidade de se aposentar. Considere estas cinco estatísticas (fonte: Moneynews):

  • 46% dos americanos têm menos de 10.000 dólares guardados para a aposentadoria. 
  • 40% dos baby boomers (geração do pós- 2a guerra mundial) agora pretende trabalhar até morrer. 
  • 36% dos americanos dizem que não contribuem nada para as suas poupanças. 
  • 87% dos adultos dizem que não estão confiantes em ter dinheiro para uma aposentadoria confortável. 
  • Idade esperada de aposentadoria subiu de 63 para 67 anos.

Nos Estados Unidos não há muitas opções seguras de investimentos que produzam rendas acima da inflação. A nossa caderneta de poupança protege os depósitos contra a corrosão inflacionária e ainda dá um trocado a mais, graças à cultura de altas taxas de juros e de inflação elevada. Assim sendo, os 10 mil dólares de 46% dos americanos, considerando-se a aposentadoria aos 65 anos e mais 20 anos de sobrevida, garantirão renda de uns R$ 83 por mês. 

O dado seguinte está bem correlacionado: 40% dos que nasceram após a 2a Guerra Mundial na geração "baby boom" (anos 50, na maioria) e que hoje tem entre 60 e 75 anos, deve trabalhar até morrer. O que também não é fácil num mercado cada vez mais explorador, onde as habilidades e capacidades exigidas inviabilizam o emprego de idosos. 

O terceiro dado também é coerente com os demais, ou seja, se quem tem 10 mil dólares não pode pensar em se aposentar, quem não tem poupança nenhuma tem que trabalhar até morrer. São 76% de norte-americanos com perspectivas sombrias de aposentadoria.

Se 87% dos adultos desconfiam que não terão aposentadoria confortável isso deve incluir os 76% dos grupos anteriores mais 11% que não pouparam os cerca de 1 milhão de dólares necessários a ter uma renda razoável para sobreviver até o fim dos dias ( em torno de US$ 4.000 mensais, o que não é muito por lá) ou desconfiam que seus fundos de pensão ou aplicações em previdência privada ou mesmo o governo apresentarão riscos de realizar as expectativas.


O último dado corrobora os anteriores. Era comum vermos no Brasil excursões de aposentados norte-americanos andando pelas nossas cidades turísticas. De algum tempo para cá, sumiram. 

Hoje no Brasil, na pior hipótese, há o benefício de um salário mínimo INSS para quem tem mais de 65 anos, mesmo que a pessoa não tenha contribuído totalmente. O SUS atende a todo mundo, mesmo com os problemas conhecidos. A Farmácia Popular e alguns programas governamentais dão remédios de graça ou muito barato. Isso pode ser pouco, mas é algum. Nos Estados Unidos o caminho para pessoas nessa situação é a miséria. Viver de caridade, de selos de comida de programas públicos, sem assistência médica, etc. O caminho é o relento ou a casa dos filhos.

Para quem tem previdência complementar todo cuidado é pouco. A época de ganhos fartos, fáceis e seguros da ciranda financeira pode estar no fim, com a redução dos juros da economia. A migração para ativos de maior risco será o caminho dos investimentos dos fundos. Se houver problemas de má gestão desse patrimônio, o sonho da aposentadoria acima do INSS estará ameaçado.

  













Nenhum comentário:

Postar um comentário