quarta-feira, 6 de julho de 2011

Rio : Bueiros-bomba são a nova neurose

Carioca adora uma paranóia. Acho que a cidade é tão bonita, tem tanta coisa boa, que o povo tem que arranjar uma neura ou uma lenda urbana para ficar preocupado. Há tempos havia a estória da kombi que sequestrava crianças nas portas das escolas para roubar órgãos humanos. Toda doença que aparece na TV gera uma correria no dia seguinte a postos de saúde e médicos. Por que seria diferente com os bueiros-bomba da Light? Bala perdida já era: agora é o tampão perdido! Os jornais retratam o pânico, e a justiça determinou que para cada bueiro explodido haverá multa de R$ 100 mil.


Ontem à noite eu estava num ponto de ônibus muito movimentado na Tijuca, em horário de pico à noite, e por alguma razão olhei para
o chão e vi que era ele... o amaldiçoado tampão de bueiro da Light. Saí de cima discretamente. Em seguida, um senhor parou onde eu estava, e falei de brincadeira : "aí, gosta de viver perigosamente?" e apontei para a tampa com o símbolo da concessionária. O cidadão saiu rapidinho, e as pessoas que viram o lance se afastaram do bueiro, começando o ti-ti-ti esculachando a Light e as autoridades que não fazem nada para acabar com isso.
Vi num noticiário uma pessoa dizendo que o problema é da pressão pelo aquecimento do ar nas redes subterrâneas, como numa panela de pressão, por falta de saídas de ar. Discordo radicalmente. Se fosse assim, por que estaríamos diante de uma "epidemia" de explosões justo nos dias mais frios do ano? O que pode estar causando o problema é a conjugação de redes elétricas mal conservadas e antigas, com curtos frequentes, e a infiltração de gás da rede da CEG, igualmente antiga, acumulando-se o altamente inflamável e explosivo gás natural nas galerias, explodindo por ignição de alguma centelha elétrica. CEG e Light já foram condenadas em conjunto por uma explosão de bueiro.

Tem ruas no Rio que cheiram a gás. Uma prova da explosão de gás está na cena de tv de anteontem, com uma labareda saindo de uma caixa da Light e incendiando um orelhão. O presidente da Light se limita a dizer que a fiação está velha, e que precisa ser trocada. Enquanto isso, a ANEEL (Associação Nacional dos Empresários de Eletricidade) não toca no assunto, por incompetência ou compadrio. Não toma nenhuma medida. Não é de hoje que o mau serviço da Light mereceria uma análise da manutenção da sua concessão.

Do jeito que está, não pode ficar. Qualquer dia os noticiários vão dar notícias desse tipo: "Mais um atentado no Rio de Janeiro. Um bueiro-bomba explodiu no centro da cidade matando pessoas e destruindo veículos. Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado. As autoridades descartam que a Al Qaeda tenha participado, e suspeitam do grupo terrorista LIGHT, que já foi responsável também por vários apagões."

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