sábado, 2 de julho de 2011

Dólar recua à época da quebra do Real

Janeiro de 1999. Dólar estabilizado na faixa de R$ 1,55. Viagem programada ao exterior, porque estava barato. FHC tinha acabado de se reeleger em cima da estabilidade artificial do Real, que já levava ao consumo das estatais para manter-se. De repente, o dólar começa a disparar no paralelo. A mídia dizia que era um ataque especulativo à moeda, mas era a ruína do modelo econômico. iniciado no governo Itamar Franco.


Não resistindo à pressão, o governo capitulou e desistiu de manter o real supervalorizado. Acabou entrando em vigor o câmbio flutuante. O Real teve forte desvalorização imediata. E tome privatização para segurar a onda. Foi-se a viagem ao exterior. O câmbio chegaria a R$ 4,00 por dólar nos últimos dias de FHC II. O Brasil faliu. Na oportunidade da mudança cambial, informações privilegiadas deram bilhões de reais aos bancos Marka e Fonte-Cindan. Quem lembra disso? A mídia, que endeusa FHC até hoje, certamente não lembrará.

Hoje o dólar voltou aos patamares do dia que o Real quebrou. Isso é bom para o Brasil?Certamente que não. Com a perda de competitividade de vários produtos industriais, empresas estão levando suas fábricas para a India e a China. O Brasil está se tornando cada vez mais um exportador de matérias-primas e importador de industrializados.

Um mau exemplo: a fabricante de calçados Azaléa, que fechou uma fábrica no Rio Grande do Sul, desempregando 800 pessoas, e está para fechar outra na Bahia, desempregando outros 18 mil, para usar mão-de-obra semi-escrava da India.

O Brasil tem no câmbio uma bomba-relógio. Hoje o Real está supervalorizado pelo fluxo de capitais que buscam o país para especular ou para montar empreendimentos. O risco-Brasil está cada vez mais baixo, as agências classificadoras de risco gradativamente recomendam o investimento por aqui, e lá fora a economia está estagnada.

Com o Real muito caro, e sua cotação dependendo de flutuações do mercado de câmbio, muitos produtos consumidos por aqui estão com seus preços determinados pela concorrência estrangeira. Na hora que o dólar voltar a subir, teremos arrefecimento da inflação. Enquanto a balança comercial estiver positiva, e o saldo crescendo pela alta geral dos preços das "commodities", a política econômica de priorização do mercado interno, começada por Lula, terá continuidade, com o forte consumo. Uma nova crise, com queda de preços de matérias-primas, comprometerá o modelo.

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