segunda-feira, 18 de julho de 2011

Brasília : novo calçadão da Asa Norte tem falhas









No extremo da Asa Norte, próximo à Ponte do Bragueto, era comum ver dezenas de pescadores à beira do lago, driblando a falta de local para estacionamento, mais os ratos e cobras das encostas para poderem pescar. Depois de 15 anos que foi concebido o projeto Orla, finalmente se fez algo para qualificar aquele espaço, recentemente inaugurado pelo governador Agnelo Queiroz (PT), mas que tem muitas falhas, tanto de concepção como de obras.


Como é recente, deve estar correndo o prazo para correção de defeitos e imperfeições dos trabalhos executados, por isso a nossa crítica é construtiva no sentido de facilitar o trabalho dos gestores do contrato e da fiscalização de obras até o recebimento definitivo. E fornecer "feedback" aos projetistas para a suplementação dos equipamentos necessários e que fazem falta aos usuários.

O que se vê é um pier em peças de madeira com mais de 700 m, largo, que tem uma grade de metal em todo o seu comprimento para isolar o barranco e o trecho de lago que fica compreendido entre a passarela e a pista de automóveis. Além do acesso pelo estacionamento, há mais duas entradas ao longo da pista, em locais perigosos, onde não há calçada, apenas um alto "guard rail". O calçadão termina no nada, sem um acesso à pista ou calçada.

O estacionamento estava lotado ontem (domingo), apesar de vermos poucas pessoas no complexo. Deve ter umas 100 vagas, muito pouco para o tamanho do espaço público, pois não é fácil chegar lá a pé nem de ônibus. Há dois espaços de convívio, com umas 10 mesas de piquenique e cobertura de palha. Tem também um parquinho infantil e uma área de equipamentos para ginástica. O que existe melhorou muito a área, abrindo-a a outras pessoas além dos corajosos pescadores que se arriscavam por ali.

Nitidamente se notava que o número de pessoas envolvidas na atividade de pesca era menor que o dos demais que ali passeavam, e as dimensões do pier, em especial a largura, demonstram que a intenção do projeto seria de uma ocupação bem mais intensa.

As principais falhas: falta de banheiro, bebedouro, sombras para acomodar todas as famílias que ali faziam piqueniques (recorriam às poucas árvores, improvisadamente), de locais para adquirir água e alimentos (ocupado informalmente por vendedores ambulantes, que sequer traziam suas lixeiras).




Em 700 m de pier, existiam apenas 4 bancos e 7 lixeiras! Mesmo as pessoas mais conscientes, que recolhiam seu lixo em sacos, não tinham onde dispor os resíduos, com as lixeiras entupidas. Acabavam colocando sacos ao lado delas. Ou simplesmente jogando o lixo no lago ou deixando-o nas áreas do parque.

Do lado positivo, o acesso ao pier tem rampa que permite a descida de pessoas com deficiências físicas. Do calçadão se tem uma bela vista do lago e, do outro lado, do bairro Lago Norte, com belas mansões. Falando nelas, muitas ocuparam a orla e anexaram as margens aos seus domínios, que são públicas, mas ainda não nasceu nesta cidade ou nela ocupou cargos de destaque alguém com coragem para mexer com as usurpações desses barões.

Apesar do lago ser propício ao remo, não há uma plataforma ou flutuante mais próximo ao nível do Lago Paranoá para colocar um bote ou caiaque na água.


Do lado ambiental, quando o vento sopra da central de tratamento de esgotos da CAESB no sentido do parque, o cheiro é muito desagradável, mas não é sempre que acontece. Não há informações no local sobre a balneabilidade, apesar de várias crianças brincarem na água.

Falando das obras, já encontramos pelo menos 7 peças de grades arrancadas por fixação deficiente, e algumas rachando na solda junto à base. Muitas fixações coincidiram com o aparafusamento do pranchado do pier, havendo bases com apenas 2 dos quatro parafusos previstos. O madeiramento está nitidamente desnivelado. Uma das duas luminárias altas do pier já foi arrancada. As luminárias dos bordos do pier têm fiações expostas. A placa inaugural ou não foi colocada, ou já foi arrancada, pois só há o pedestal, impossibilitando até de dizer o nome do espaço.

Conversamos com algumas pessoas, e o comentário era o mesmo: melhorou bastante, mas o que está feito cria uma expectativa de ocupação para a qual não há infra-estrutura. A falta de policiamento já permite prever a insegurança, em especial à noite. Na inauguração, o governador falou que ainda será feito um posto de policiamento, um quiosque e uma biblioteca, mas a defasagem pode trazer problemas para os usuários. Não falou em banheiros.

No Brasil se faz obras públicas parciais, até sem um plano diretor para orientar o conjunto, e depois se vai fazendo complementos à medida das reclamações. Em geral a culpa é da falta de verbas, e as obras são feitas a toque de caixa quando aparece alguma. O calçadão, no caso, é considerado uma das obras para a Copa de 2014 em Brasília. A cultura da falta de planejamento é a mesma que faz aprovar legislação para licitar obras sem projetos, consolidando mais ainda a imprevisão e abrindo brechas para a má qualidade, superfaturamentos e corrupção.

4 comentários:

  1. maneiro este post. repeti-o no blog
    www.cronicacandanga.blogspot.com
    []s

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  2. o post é do dia 18 julho,estivemos lá hoje e As principais falhas estão todas lá nada foi resolvido: falta de banheiro,(Pior de todas) bebedouro, sombras para acomodar todas as famílias que ali faziam piqueniques (recorriam às poucas árvores, improvisadamente), de locais para adquirir água e alimentos (ocupado informalmente por vendedores ambulantes, que sequer traziam suas lixeiras).

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  3. Passei por lá no dia 3 de agosto e funcionários do GDF estavam colocando a placa inaugural (bem depois da inauguração). No mais, muito lixo que o vento carregou para dentro do lago, e nada de conclusão das obras com falhas ou das prometidas.

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  4. Sou frequentador do pear e fico indignado com que tenho presenciado no local. Infelizmente o próprio frequentador não tem consciência dos cuidados que deve ter com aquele local. Com isso aumenta os riscos de acidentes. Entre vários descansos quero frisar alguns que acho muito importante. Tive o desprazer de tirar da ponte, justamente onde os banhistas mergulham, três carrinhos de mercado, ferros de ponta. Uma armadilha, no fundo do lago. Varias madeiras soltas, queimadas, locais de ponta, que com certeza pode rasgar os pés de quem por ali anda. Triste saber que não existe manutenção de um local frequentado por vários brasilienses, e turistas de outros estados e pais. Nunca presenciei uma manutenção de nada ali, no local.

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