Manifestações contra a Copa podem dar tiro no pé se houver violência

Assisto agora às imagens da Globo no jornal local de Brasília mostrando manifestações em frente à entrada do estádio Mané Garrincha que preocupam pela proximidade com a tropa de choque. Uma distância suficientemente pequena para xingamentos, provocações e elevação da tensão. Basta um só infiltrado dar um empurrão num policial para disparar a violência, e quem já participou de muitas lutas sabe como é isso. Tem correntes políticas que precisam do martírio de militantes para sua promoção como liderança, e já vi gente em manifestações pacíficas fazendo de tudo para levar porrada.

O problema é que muita gente na cidade está mobilizada para ver o show de abertura e o jogo Brasil x Japão. Nesta altura do campeonato muita gente já se rendeu ao fato consumado dos gastos com a Copa achando que a hora de protestar já passou, que era para ser quando o Brasil se candidatou. Agora, com estádios prontos, calendário organizado, obras e mais obras no país tendo como motivação a Copa com legado posterior, para muitos parece coisa de penetra querendo estragar a festa e causar constrangimento à imagem do país no exterior.

Por mais baixa que esteja a auto-estima do brasileiro, por mais que a mídia imponha a sua colonização e o senso de vira-latas, de cidadão de segunda categoria no mundo civilizado, há sempre um mínimo de sentimento de respeito ao país, mesmo que não se goste de governo, etc. A mídia sempre estará apta a responsabilizar por "baderna e vandalismo" os manifestantes.

Se o motivo do movimento é questionar para quem é a Copa, o que é correto, pois todo o processo passou num rolo compressor praticamente sem discussão, o que interessa é o espaço de mídia para os cartazes, etc. Se houver pancadaria tudo poderá ser posto a perder e ter o efeito contrário, ainda mais envolvendo crianças, mulheres, idosos, estrangeiros, etc. Vou agora para o estádio e mais tarde relatarei os fatos de fora e dentro do estádio.