Se o movimento que reivindica melhor e mais barato transporte coletivo acabasse hoje, os manifestantes teriam ganhado no segundo round na mídia. No primeiro, na terça, houve dos noticiários, autoridades e editoriais unanimidade em tachar o movimento de baderneiro, de ressaltar o vandalismo, e jogar a sociedade contra o movimento.
No "fight" da quinta em São Paulo o jogo virou. Ficou patente que os manifestantes estavam fazendo um movimento pacífico e, enquanto as lideranças negociavam com a polícia, um grupo do batalhão de choque chegou e saiu atirando de tudo para todo lado. Tiros de balas de borracha à queima-roupa equivalem a munição letal, e isso foi feito. Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas não foram poupados. Até pessoas nas janelas dos prédios foram alvejadas. Policial foi flagrado quebrando o vidro da viatura da polícia. Pessoas que passavam em ônibus e carros foram sufocadas pelo gás de pimenta. Bombas de efeito moral jogadas nas vizinhanças de hospitais. Um enorme número de feridos.
Dessa vez não foi possível esconder a assimetria de forças: um lado fortemente armado e equipado, o outro, população civil desarmada e indefesa. No jornal da Globonews das 18h ontem, por mais que a apresentadora tenha recebido instruções para empatar o jogo, a todo momento ressaltando que "a violência foi de lado a lado", não era possível esconder a sua revolta com o ataque covarde aos seus colegas de imprensa. Um repórter do G1 foi entrevistado e o seu depoimento jogou por terra a versão da polícia de que os manifestantes descumpriram um acordo. Disse que estava cobrindo a negociação entre lideranças e a polícia quando chegou o choque e começou o massacre.
No mundo inteiro houve apoios aos protestos. No próximo dia 18 haverá manifestações em várias cidades de outros países em apoio aos manifestos no Brasil por melhores transportes e contra a truculência policial, problema que também atinge outras populações. A Anistia Internacional pediu investigações. A ONG Repórteres Sem Fronteira, que denuncia violência contra a imprensa, também quer apuração dos fatos.
A unanimidade mídia/governos foi rompida. O prefeito Fernando Haddad e os ministros Idely Salvati e José Eduardo Cardozo condenaram a violência e pediram explicações. Do outro lado o governador Alckmin e o secretário de segurança de São Paulo, Grella, acuados pelas pressões, falavam em "eventuais excessos", quando a mídia já rejeitava esse discurso e falavam de abusos abertamente. Até o jornal Nacional não conseguiu abrandar muito a responsabilidade sobre o governo de São Paulo.
O elemento novo nisso tudo está nas redes sociais, tanto para a organização das ações como para quebrar a visão única da mídia bandida. Videos e fotos circularam pelo mundo, impedindo que a versão parcial dos grandes meios de comunicação virasse verdade. Até a imagem do policial quebrando o vidro da viatura da polícia saiu no Jornal Nacional, associado à versão da polícia: o policial estaria tirando o que restou do vidro já quebrado por manifestantes...
Outro ponto comum na mídia bandida é a tentativa de desqualificação do movimento a partir da falta de lideranças, como se fosse anárquico. A minimização da participação de partidos de esquerda e a tentativa de politização também estão no discurso. O ruim para eles é que não tem como botar a culpa no inimigo mortal, o PT. Nem para levantar a bola dos tucanos, afinal, a polícia é deles. A inexperiência da mídia bandida na cobertura de eventos de ação direta não está permitindo faturar nada com isso. Só lhes resta a criminalização e tentar buscar de autoridades o consenso contra a "baderna e vandalismo".
O saldo é que agora as autoridades terão que negociar. Abrir planilhas, dar transparência do custo das passagens. O prefeito de São Paulo marcou reunião com o Movimento Passe Livre na terça-feira para buscar soluções. Anteriormente disse que não voltaria atrás, o que certamente deverá mudar nas negociações. Já o governo de São Paulo, responsável pelos aumentos do metrô e dos trens, não buscou até agora o diálogo.
As lideranças devem ter todo o cuidado com a infiltração de agitadores que criarão situações de confronto desnecessárias, dando à mídia bandida material para criminalizar o movimento como baderna e vandalismo. A luta está ganhando e não pode parar, mas é necessário todo o cuidado para evitar que tudo se perca a partir de vaciladas de militantes ou de ações de gente que não tem nada a ver com o movimento, tanto os plantados para traí-lo como para provocar mais violência.
No "fight" da quinta em São Paulo o jogo virou. Ficou patente que os manifestantes estavam fazendo um movimento pacífico e, enquanto as lideranças negociavam com a polícia, um grupo do batalhão de choque chegou e saiu atirando de tudo para todo lado. Tiros de balas de borracha à queima-roupa equivalem a munição letal, e isso foi feito. Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas não foram poupados. Até pessoas nas janelas dos prédios foram alvejadas. Policial foi flagrado quebrando o vidro da viatura da polícia. Pessoas que passavam em ônibus e carros foram sufocadas pelo gás de pimenta. Bombas de efeito moral jogadas nas vizinhanças de hospitais. Um enorme número de feridos.
Dessa vez não foi possível esconder a assimetria de forças: um lado fortemente armado e equipado, o outro, população civil desarmada e indefesa. No jornal da Globonews das 18h ontem, por mais que a apresentadora tenha recebido instruções para empatar o jogo, a todo momento ressaltando que "a violência foi de lado a lado", não era possível esconder a sua revolta com o ataque covarde aos seus colegas de imprensa. Um repórter do G1 foi entrevistado e o seu depoimento jogou por terra a versão da polícia de que os manifestantes descumpriram um acordo. Disse que estava cobrindo a negociação entre lideranças e a polícia quando chegou o choque e começou o massacre.
No mundo inteiro houve apoios aos protestos. No próximo dia 18 haverá manifestações em várias cidades de outros países em apoio aos manifestos no Brasil por melhores transportes e contra a truculência policial, problema que também atinge outras populações. A Anistia Internacional pediu investigações. A ONG Repórteres Sem Fronteira, que denuncia violência contra a imprensa, também quer apuração dos fatos.
A unanimidade mídia/governos foi rompida. O prefeito Fernando Haddad e os ministros Idely Salvati e José Eduardo Cardozo condenaram a violência e pediram explicações. Do outro lado o governador Alckmin e o secretário de segurança de São Paulo, Grella, acuados pelas pressões, falavam em "eventuais excessos", quando a mídia já rejeitava esse discurso e falavam de abusos abertamente. Até o jornal Nacional não conseguiu abrandar muito a responsabilidade sobre o governo de São Paulo.
O elemento novo nisso tudo está nas redes sociais, tanto para a organização das ações como para quebrar a visão única da mídia bandida. Videos e fotos circularam pelo mundo, impedindo que a versão parcial dos grandes meios de comunicação virasse verdade. Até a imagem do policial quebrando o vidro da viatura da polícia saiu no Jornal Nacional, associado à versão da polícia: o policial estaria tirando o que restou do vidro já quebrado por manifestantes...
Outro ponto comum na mídia bandida é a tentativa de desqualificação do movimento a partir da falta de lideranças, como se fosse anárquico. A minimização da participação de partidos de esquerda e a tentativa de politização também estão no discurso. O ruim para eles é que não tem como botar a culpa no inimigo mortal, o PT. Nem para levantar a bola dos tucanos, afinal, a polícia é deles. A inexperiência da mídia bandida na cobertura de eventos de ação direta não está permitindo faturar nada com isso. Só lhes resta a criminalização e tentar buscar de autoridades o consenso contra a "baderna e vandalismo".
O saldo é que agora as autoridades terão que negociar. Abrir planilhas, dar transparência do custo das passagens. O prefeito de São Paulo marcou reunião com o Movimento Passe Livre na terça-feira para buscar soluções. Anteriormente disse que não voltaria atrás, o que certamente deverá mudar nas negociações. Já o governo de São Paulo, responsável pelos aumentos do metrô e dos trens, não buscou até agora o diálogo.
As lideranças devem ter todo o cuidado com a infiltração de agitadores que criarão situações de confronto desnecessárias, dando à mídia bandida material para criminalizar o movimento como baderna e vandalismo. A luta está ganhando e não pode parar, mas é necessário todo o cuidado para evitar que tudo se perca a partir de vaciladas de militantes ou de ações de gente que não tem nada a ver com o movimento, tanto os plantados para traí-lo como para provocar mais violência.
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