O Brasil inteiro ficou passivo diante do processo que agora culmina com a Copa das Confederações da FIFA e no ano que vem com a Copa do Mundo. Para chegar até aqui foi um longo caminho. Em 3 de junho de 2003 a CONMEBOL anunciou as candidaturas do Brasil, Argentina e Colômbia à Copa de 2014. Em 30 de outubro de 2007 o Brasil foi ratificado como país-sede para o evento, não sem antes ter tido que provar capacidade de cumprir os padrões da FIFA para o evento.
Quando os estudos estavam começando e as parcerias com o setor privado se formando, estourou a crise nos Estados Unidos em setembro de 2008, que levou em seguida a Europa ao declínio e atual recessão. Os gastos com a infra-estrutura da Copa - estádios, mobilidade, segurança - acabaram ficando quase inteiramente para governos, estados e municípios. Cerca de 97% dos R$ 7 bilhões gastos com estádios foram de governos. Esses dados foram apresentados ao Senado recentemente numa sabatina do Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo.
O restante do dinheiro foi usado em investimentos que ficarão como legados da Copa. Muitos já estavam previstos no PAC. O Rio de Janeiro, por exemplo, na iminência da Copa e da Olimpíada de 2016 virou um canteiro de obras, com a ampliação do metrô, criação de corredores de transporte rápido cruzando a cidade, revitalização do porto, ampliação do aeroporto e um sofisticado sistema de controle de segurança que já está funcionando.
Dos 12 novos estádios questiona-se que alguns deles poderão virar elefantes brancos por falta de movimentação local do futebol. Manaus, Fortaleza, Cuiabá, Brasília estão na lista. O de Brasília, que está sendo o mais caro, tem no seu projeto a adaptação como arena multi-uso. Brasília carece de espaços para grandes espetáculos, e o Estádio Mané Garrincha pode preencher essa lacuna.
A Copa não é uma prioridade assim como Brasília não foi à época da sua construção, e ambos os projetos receberam críticas e dúvidas sobre o seu retorno. Ambos, do ponto de vista econômico, tiveram papel de indutores de desenvolvimento em diversos setores. A construção de Brasília interiorizou o país, atraindo a construção de estradas interligando-a às suas diversas capitais, criou milhares de empregos em setores de uso intensivo de mão-de-obra, demandou materiais que passaram a ser fabricados no país, energia que teve que ser suprida com hidrelétricas, etc.
E a Copa, pode ter seus resultados medidos pela relação custo de construção dos estádios versus renda gerada por eles? Lula foi irresponsável ao atrair a Copa para o Brasil? O Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas, as Câmaras de Vereadores, prefeitos e governadores, de todos os partidos, todos embarcaram numa aventura sem nenhum retorno, gastando dinheiro que poderia ter sido usado para investimentos em saúde, educação, etc? E a população, que a tudo assistiu sem praticamente se manifestar sobre o conjunto do projeto?
O que o Brasil ganhou com isso?
A resposta vem do estudo "Brasil 2014 - Impactos socioeconômicos da Copa de 2014" da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a empresa de consultoria internacional Ernst & Young, que estima que os R$ 22,6 bilhões gastos com todo o projeto da Copa deverão movimentar R$ 142,39 bilhões na economia, gerando 3,63 milhões de empregos/ano e R$ 63,48 bilhões em renda para a população no período 2010/2014. A arrecadação de impostos deverá ser acrescida de R$ 18,3 bilhões. O PIB brasileiro também terá impactos desse esforço da economia pública e privada.
A falta de conhecimento desses impactos gera dúvidas quanto à prioridade do investimento e quanto ao seu retorno. Há impactos diretos e indiretos que são mensuráveis, além dos intangíveis, como melhora da imagem do país, elevação de auto-estima da população, etc.
Se buscarmos entender por que o Brasil não afundou junto com os principais países capitalistas, uma das razões certamente será o investimento público em grandes projetos como o PAC e a Copa. Pode-se até reclamar do custo de algum estádio ou da possível inutilidade pós-Copa, mas o fato é que a economia como um todo é beneficiada pelos investimentos, mudando sua escala para gerar mais recursos que beneficiarão setores como saúde, educação, etc.
Quando os estudos estavam começando e as parcerias com o setor privado se formando, estourou a crise nos Estados Unidos em setembro de 2008, que levou em seguida a Europa ao declínio e atual recessão. Os gastos com a infra-estrutura da Copa - estádios, mobilidade, segurança - acabaram ficando quase inteiramente para governos, estados e municípios. Cerca de 97% dos R$ 7 bilhões gastos com estádios foram de governos. Esses dados foram apresentados ao Senado recentemente numa sabatina do Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo.
O restante do dinheiro foi usado em investimentos que ficarão como legados da Copa. Muitos já estavam previstos no PAC. O Rio de Janeiro, por exemplo, na iminência da Copa e da Olimpíada de 2016 virou um canteiro de obras, com a ampliação do metrô, criação de corredores de transporte rápido cruzando a cidade, revitalização do porto, ampliação do aeroporto e um sofisticado sistema de controle de segurança que já está funcionando.
Dos 12 novos estádios questiona-se que alguns deles poderão virar elefantes brancos por falta de movimentação local do futebol. Manaus, Fortaleza, Cuiabá, Brasília estão na lista. O de Brasília, que está sendo o mais caro, tem no seu projeto a adaptação como arena multi-uso. Brasília carece de espaços para grandes espetáculos, e o Estádio Mané Garrincha pode preencher essa lacuna.
A Copa não é uma prioridade assim como Brasília não foi à época da sua construção, e ambos os projetos receberam críticas e dúvidas sobre o seu retorno. Ambos, do ponto de vista econômico, tiveram papel de indutores de desenvolvimento em diversos setores. A construção de Brasília interiorizou o país, atraindo a construção de estradas interligando-a às suas diversas capitais, criou milhares de empregos em setores de uso intensivo de mão-de-obra, demandou materiais que passaram a ser fabricados no país, energia que teve que ser suprida com hidrelétricas, etc.
E a Copa, pode ter seus resultados medidos pela relação custo de construção dos estádios versus renda gerada por eles? Lula foi irresponsável ao atrair a Copa para o Brasil? O Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas, as Câmaras de Vereadores, prefeitos e governadores, de todos os partidos, todos embarcaram numa aventura sem nenhum retorno, gastando dinheiro que poderia ter sido usado para investimentos em saúde, educação, etc? E a população, que a tudo assistiu sem praticamente se manifestar sobre o conjunto do projeto?
O que o Brasil ganhou com isso?
Fonte : FGV / Ernst Young - Impactos da Copa de 2014 no PIB |
A falta de conhecimento desses impactos gera dúvidas quanto à prioridade do investimento e quanto ao seu retorno. Há impactos diretos e indiretos que são mensuráveis, além dos intangíveis, como melhora da imagem do país, elevação de auto-estima da população, etc.
Se buscarmos entender por que o Brasil não afundou junto com os principais países capitalistas, uma das razões certamente será o investimento público em grandes projetos como o PAC e a Copa. Pode-se até reclamar do custo de algum estádio ou da possível inutilidade pós-Copa, mas o fato é que a economia como um todo é beneficiada pelos investimentos, mudando sua escala para gerar mais recursos que beneficiarão setores como saúde, educação, etc.
Opiniões só prestam quando vêm acompanhadas de dados embasando-as. Parabéns pelo post. Ajudou-me a me posicionar.
ResponderExcluirEu discordo no assunto que Brasília não era PRIORIDADE, era e sempre fora prioridade, só que a mesma burguesia que vaio a presidenta Dilma ontem, fora a mesma que impediu a construção e transferência da capital do Rio para Brasília, se 24 de fevereiro de 1891 tivesse ocorrido isso, eu duvido que a situação brasileira hoje seria bem diferente. Então o Rio e sua burguesia segurou o dispositivo constitucional durante 71 anos.
ResponderExcluirPensar no retorno da Copa em números é interessante, mas há um legado "oculto" e intangível que as pessoas têm esquecido de mencionar: o valor agregado ao capital humano. Muitos dos fornecedores de serviços para esses megaeventos estão sendo (positivamente) forçados a elevarem seus níveis de serviço, mas mantendo o preço de mercado e sem arrochar o trabalhador, o que torna necessário o aumento da eficiência. O profissional está fazendo cursos de idiomas, aprendendo novas técnicas, reconhecendo seus direitos e entendendo os cuidados que precisa ter consigo e com a sociedade. São micro-processos civilizatórios, que demonstram a importância social do servente, da telefonista, do faxineiro, do motorista de ônibus, do professor universitário, entre outros. É impossível (e irresponsável) dizer que isso tudo é feito somente para um evento de 31 dias. Ao mesmo tempo, sem a competição de 2014, talvez fosse impossível ter esse movimento.
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